Aprendendo o que não se ensina
Um certo dia, após um mês de aula ensinando para os alunos do 6º ano, o conteúdo verbo (conceitos, modos, tempos, conjugações, pessoas do discurso...), blá, blá, blá, leituras, produções, circulando verbos nos textos, levando livros, jornais, revistas para a sala de aula, montando mural e fazendo exercícios. O professor então, ciente da sua árdua tarefa de ensinar cumprida, convida a turma para fazer uma seleção de verbos, conforme a sua classificação. O professor confiante que tudo iria dar certo falou:
- Vamos, todos agora vão fazer sua tarefa individual.
Após um certo tempo o professor foi chamado por um aluno que disse:
- Está bom professor? Está certo?
O professor olhou, olhou, olhou de novo e percebeu que ele tinha feito tudo certinho, mas na sua observância encontrou um defeito: o aluno havia selecionado a palavra lágrimas como sendo pertencente à primeira conjugação.
Surpreso, o professor disse ao seu aluno:
- Só tem um problema.
- O que foi professor?
- Você destacou e classificou a palavra lágrimas.
O aluno na sua inocente sabedoria, lacrimejando os olhos, perguntou ao professor:
- Professor, lágrimas não é do verbo chorar?
Logo o professor percebendo o estado emocional do aluno e quis saber o porquê dos rios de lágrimas sobre seu rosto triste:
- O que aconteceu?
Calado, engolindo o choro e passando a palma da mão nas maçãs do rosto melancólico disse:
- É porque ontem meu pai chegou bêbado em casa e bateu em nós tudim e na mãe também!
WALTER BERG.