Aprendendo o que não se ensina

Um certo dia, após um mês de aula ensinando para os alunos do 6º ano, o conteúdo verbo (conceitos, modos, tempos, conjugações, pessoas do discurso...), blá, blá, blá, leituras, produções, circulando verbos nos textos, levando livros, jornais, revistas para a sala de aula, montando mural e fazendo exercícios. O professor então, ciente da sua árdua tarefa de ensinar cumprida, convida a turma para fazer uma seleção de verbos, conforme a sua classificação. O professor confiante que tudo iria dar certo falou:

- Vamos, todos agora vão fazer sua tarefa individual.

Após um certo tempo o professor foi chamado por um aluno que disse:

- Está bom professor? Está certo?

O professor olhou, olhou, olhou de novo e percebeu que ele tinha feito tudo certinho, mas na sua observância encontrou um defeito: o aluno havia selecionado a palavra lágrimas como sendo pertencente à primeira conjugação.

Surpreso, o professor disse ao seu aluno:

- Só tem um problema.

- O que foi professor?

- Você destacou e classificou a palavra lágrimas.

O aluno na sua inocente sabedoria, lacrimejando os olhos, perguntou ao professor:

- Professor, lágrimas não é do verbo chorar?

Logo o professor percebendo o estado emocional do aluno e quis saber o porquê dos rios de lágrimas sobre seu rosto triste:

- O que aconteceu?

Calado, engolindo o choro e passando a palma da mão nas maçãs do rosto melancólico disse:

- É porque ontem meu pai chegou bêbado em casa e bateu em nós tudim e na mãe também!

WALTER BERG.

WALTER BERG
Enviado por WALTER BERG em 25/01/2017
Reeditado em 18/02/2024
Código do texto: T5892465
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