Desorientação Espacial
Não é só com o piloto de avião que pode ocorrer a desorientação espacial. Já passei por essa experiência, por três vezes, mas apenas numa delas o comando estava sob minha responsabilidade: a direção de um automóvel. Segui no sentido contrário, apesar do protesto da minha mulher, que insistia em dizer que eu estava errado. Nas outras duas vezes, na condição de passageiro de um barco e de um avião monomotor, o popular teco-teco.
Ao embarcar, sabia perfeitamente a direção da cidade de destino do barco, margem direita do rio São Francisco. Ao sair do porto, durante sua manobra, estava eu de cabeça baixa. Ao erguê-la, achei que o barco estava indo no sentido contrário. Mesmo chegando à cidade de destino, a minha impressão ainda era de que estava do lado errado, ou seja, do lado esquerdo.
No teco-teco, depois que o piloto fez umas manobras sobre uma cachoeira, também no rio São Francisco, vi tudo ficar ao contrário: o rio para cima e o céu para baixo. Na linguagem lá do interior, onde as pessoas às vezes se perdem no mato, fiquei “ariado”. Eis aí a desorientação espacial. Somos levados a perceber as coisas no sentido contrário. No caso do piloto, a recomendação é que siga a orientação dos equipamentos e não de sua mente. E o acidente ocorre por achar que a falha é técnica e não humana. O homem, na sua teimosia, acha que está mais certo do que o aparelho. No meu primeiro caso, o de motorista, achei que estava mais certo do que a minha mulher. E dei com “os burros n’água”, ou seja, fui para o destino errado.