O FAROL DA MINHA VIDA
Longe vai o tempo em que aquele farol da minha terra acendia e apagava, dando-me o sinal de que eu partia mas voltava. O farol nunca se enganara até ao dia em que eu nunca mais regressei. Soube que o farol também se apagou para sempre. Fomos ambos vítimas de saneamento. O farol foi substituído pelas chamas dos poços de petróleo que se espalharam pela baía e eu fui afastado da minha terra pelas forças maléficas do poder.
Recordo os momentos que passei aos seus pés a namorar e quando eu subia ao seu topo pelas escadas de ferro numa escalada vertical arriscada. Lá de cima contemplava o encanto da baía que o navegador Ruy de Sousa baptizara de baía das Almadias, devido à imensidade de pirogas que a cobria. Não sei se o meu farol ainda existe, pois ele foi e será o FAROL DA MINHA VIDA.
Ruy Serrano - 23.01.2017