Um dia...
Gostaria aqui eu poder escrever uma breve história. Esta, na qual, contaria sobre a vida comum de um cotidiano qualquer. De uma vida ordinária, simples e, consequentemente, sem grandes reviravoltas. Cheias de sonhos, de anseios, desejos e desesperos. Uma história que poderia trazer grandes emoções e gigantescas decepções. Uma daquelas que, por ventura do destino, o personagem principal tivesse vários objetivos, mas, por vezes, nunca os alcançara. Em seus planos, almejando alcançar o melhor, estaria estagnado num ponto comum de um momento comum e que de nada incomum acontece.
Uma história sem surpresas, sem reviravoltas e de pessoas que dizem que o personagem deve continuar a lutar até, um dia, perseverar. De pessoas que vem e vão da vida do personagem, somem e reaparecem e até parece que nada mudou, continuando o mais do mesmo e o menos do mais. Daquelas histórias onde o personagem vive, chora, grita de alegria, urra de tristeza, come, bebe e toma banho. Que se veste como qualquer um, que sorri como poucos e que se entristece por demais.
Uma destas que, pode-se dizer, que a arte imita a vida, e, por vezes, a vida imita a arte. De como os amigos virtuais superam em número os reais e estes, por mais perto que estejam, se tornam distantes pelo insucesso dos feitos deste personagem principal e de alguns secundários ao seu redor. De como, quando em quando, o personagem acaba por não sentir mais nada, apenas um vácuo presencial e um aperto no coração.
Daquelas que vemos o personagem definhando pela consequência de seus atos, e pela falta delas, muitas vezes. De apoios velados e de abandonos explícitos, de lutas desesperadas em horas de sonos que não vieram e o ouvir de vozes distantes de sonhos despedaçados, como se o personagem fosse esquizofrênico e louco para reviver o passado.
Do cair da loucura, do emergir da sensatez, da criação de um texto para disfarçar a desfaçatez daqueles que vivem ao seu redor, ou que, dizem, que vivem. De honrarias desonradas. De promessas sempre quebradas. Daquelas histórias que quando lemos sabemos que já passamos por isto, de uma forma de maior ou menor grau e de suspiramos aliviados que não somos os mesmos personagens que sofrem como todo humano.
Criar algo no qual as pessoas deem a devida atenção, não apenas micro frações de segundos como um texto qualquer que irá desaparecer na internet, num Facebook da vida, num post de fórum ou nalgum momento do WhatsApp, como lágrimas na chuva. Um conto poderoso que permita as pessoas perceberem o quão vazio nos tornamos e que, por mais que queiramos, podemos apenas lamentar.
Gostaria de fazê-lo, mas não tenho como expressar de uma forma concisa, sincera e que, no final, tenha-se uma moral para todos sorrirem, pois é isto que a Internet e a sociedade quer da gente, sempre a felicidade, para todo o sempre.
Quem sabe um dia conseguirei criar um personagem desta maneira, quem sabe um dia ele sobrepujará todas as suas dificuldades e, por fim, realizará todos os seus sonhos...
Quem sabe um dia...
Como um outro qualquer...