O poder da escolha

Obs.: Escrevi este texto depois de uma visita a uma Casa Geriatra.

O poder da escolha

Quando nascemos e ao longo de nossa vida não temos a menor noção de como será o nosso fim, porque Deus na sua sabedoria "sabia" que se soubéssemos não passaríamos da juventude, e isso é uma das coisas mais importantes que Ele fez.

Durante toda a nossa existência nos dedicamos a fazer o bem, ou o que pensamos que seria o bem, ajudar a quem necessite de nossa ajuda, e vamos vivendo, muitas vezes esquecendo-nos da nossa própria vida.

Esquecemos que durante esse período ainda temos o nosso direito e o nosso poder de escolha, mas vamos levando uma vida, que em certos momentos é mais a vida dos outros do que a nossa.

O tempo vai passando, o tempo vai se esticando, enquanto o nosso poder de escolha vai encolhendo, a cada dia mais.

Quando nos damos por conta ou simplesmente acordamos, não temos mais porque abrir os olhos. Abrirmos os olhos pra quê? Se não temos mais nada para ver? Se nesse momento fomos jogados num lugar onde o que temos para ver não é mais um horizonte nem uma lagoa de águas claras e muito menos um mar límpido, calmo, e parecendo interminável.

Todas essas belezas são substituídas por uma série de imagens que nunca pensamos ver. Se olharmos para um lado vemos uma pessoa amarrada, porque se não o amarrarem a tendência dela, em sua demência senil, é fugir, fugir daquilo que talvez pra ela é uma legítima casa do terror. Olhamos para o outro lado e outra pessoa está praticamente caindo de sua cadeira de rodas, cadeira essa que deveria ser, ou é, adaptada para deixa-lo mais confortável, mas não vimos isso, o que vimos é um ser humano sofrendo numa posição que não lhe traz nenhum conforto.

Então, depois de vermos tudo isso, muitas vezes surtamos, surtamos mesmo, e depois desse surto vimos que qualquer um de nós um dia pode estar nessa situação.

Com certeza não estamos de olhos fechados porque estamos emburrados ou sonolentos, estamos de olhos fechados porque não temos mais nada para ver, e, sobretudo porque perdemos, infelizmente, o nosso poder de escolha.