MICO INTERPLANETÁRIO.
Moro em casa. E uma das vantagens desse tipo de moradia, é o fato de podermos desfrutar de momentos aprazíveis ao ar livre. É o que costumo fazer em dias de sol e noites de lua cheia. Certa noite, numa sexta feira que não era treze, estava eu, a apreciar um lindo céu que se apresentava cintilante e iluminado...
E perdida na minha paz interestelar o pensamento divagava a imaginar um passeio pelas nuvens, lua e estrelas, daquela noite extremamente sedutora. Foi quando, abruptamente, tive os pensamentos interrompidos pelos latidos dos meus três amigos caninos. Não é de hoje que convivo com cães e, aprendi a interpretar alguns de seus latidos. E aqueles, segundo meus conhecimentos intuitivos adquiridos na convivência canina de muitos anos, eram latidos de medo, chegando próximo ao pavor.
Comecei a usar de meus sentidos investigativos, como visão e audição para tentar entender o que se passava. E percebi um certo ruído, que chegava até mim, de forma um pouco distante, porém, cada vez mais insistente e audível. Dirigi o olhar para a direção daquele som estranho e persistente, e visualizei com olhos incrédulos, um objeto suspeito, mais ou menos redondo e bastante iluminado de luzes coloridas, bem no alto daquele céu bonito de lua cheia. Pude, então, compreender o porquê do estranhamento dos cães. Dizem que cães e gatos são seres bastante sensitivos.
Mas ainda não conseguia entender o que viria a ser tal coisa a brilhar no céu de forma tão intensa, indo e vindo em várias direções. Não conseguia desviar os olhos do monstro iluminado, que agora, se aproximava cada vez mais de mim. Minha mente fértil, imaginativa e criativa começou a acreditar que fosse um OVNI, pois sempre achei que não seríamos os únicos seres privilegiados a habitar esse modesto universo com suas bilhões de galáxias. E o objeto misterioso iluminado aproximava-se perigosamente. Os cães, começando pelo labrador, já haviam corrido em total desespero para dentro de casa. Foi quando questionei a tão inquestionável fidelidade canina...
Ainda não entendendo muito bem o significado de tudo aquilo, cheguei a pensar que seria a “abduzida”, naquela noite especial, para um passeio pelas maravilhas misteriosas do nosso Universo. Em minha cabeça, rolava um misto de curiosidade, susto e medo...Bastou mais uma aproximação do objeto estranho não identificado para que eu fosse, às pressas, juntar-me aos cachorros, em algum canto protegido da casa. Ocorreu-me postar no facebook toda a aventura espacial pela qual estava passando. Mas antes, convidei meu pai para que me ajudasse a esclarecer todo aquele mistério, e ele, é claro, ainda mais do que eu, ficou perplexo com tal cena tão inusitada para ambos. Foram longos minutos, eu e ele, olhando indagativamente, para o céu daquela sexta à noite.
No dia seguinte, relatei o fato para meu filho e fui informada de que tratava-se nada mais, nada menos, do que um tal de “DRONE”; prazer, nem de nome eu o conhecia...Ainda estou a pensar se o drone deu-se ao trabalho de filmar meu semblante assustado e curioso perguntando: “o que será isso”? Um pássaro, um avião, um disco voador? Foi quando me dei conta de que o ET seria eu mesma, sobrevivente dos tempos das cavernas e perdida em meio à modernidade...Como posso não saber o que é um “DRONE”? Mas não estou sozinha nessa; meu labrador continua acreditando que eram seres de outro planeta tentando fazer contato...
Elenice Bastos.