A morte da prima.
Minha prima Erisunda de Lavras (filha do tio Erisvaldo com tia Raimunda) me escreve e passo pra vocês.
Caro primo Fred Coelho
Escrevo essa cartinha para dizer que morri, morri mesmo, estou bem mortinha da Silva Xavier, e se o primo quiser saber do que morri, vou logo dizendo, morri de amor, é primo, amor roxo, amor total, primeiramente fui acometida de esperança, depois por carinho, ai veio a desconfiança, a comprovação, ai cai na real, fiquei triste, cheguei a passar o tempo todo dormindo, veio a depressão e por fim morri, fim. Quer saber como foi meu enterro? Não foi, ou seja, não teve. Eita morreu e não se enterrou? Então ta podre, mais uma vez nãozinho da Silva, o que aconteceu foi o que me matou me ressuscitou, eita o primo ta pensando que estou doida, to não primo, o mesmo amor que ma matou me ressuscitou, o amor a vida, a natureza, ao mar, a lua, aos pássaros, a minha família, aos meus amigos, as brincadeiras e quem sabe ao amor futuro, então primo voltei, não como Lazaro que passou quatro dias morto total, e quando voltou tava pra lá de estragado, eu voltei bem na hora da morte e continuo do mesmo jeito, ai o primo vai mandar eu tomar juízo, quando eu for escolher o próximo amor, pois é primo, vou não, vou amar do mesmo jeito depois eu ressuscito Um abraço da prima.