Gaiolas e prisões
Zé Bubu, em Itabaiana, fazia gaiola que dava gosto a pássaro viver dentro, parecia arquiteto modelando maquete de esplendoroso palácio. Pegava nos ponteiros como as rendeiras, no fio à arte da rendaria. Menos a periquitos ou a papagaios que destruíam tais frágeis ponteiros, amolando o bico para cortar sementes ou, quem sabe, beliscar o dedo indicador de intruso que lhe pedisse o pé. Essas aves não pensavam o que fosse liberdade, não destruíam suas cadeias por esse ideário; a esses bichos, a liberdade se resume simplesmente não ao direito , mas à vontade "de ir e vir", voar e voar. Quem já viu pássaro lutar pela liberdade de pensar? Então, contra quebradores de ponteiro, Bubu entrelaçava arames para gaiola resistente à possibilidade de fuga. Sem discussões, não havia "aves em extinção", consequentemente nem lei prendendo quem pegasse pássaro num alçapão ou no visgo de jaca. Considerava-se privilégio ser pássaro em gaiola: Casa, água, comida, passeios e boas e carinhosas conversas com o dono. Apanhavam-se azulões, canários da terra, galos de campina, rouxinóis, pintassilgos, patativas, concrizes ou curiós, não por malvadeza, mas para enfeitarem e alegrarem a casa e o terraço. Havia pai que tratava melhor e dava maior atenção a esses bichos do que aos filhos.
Quando menino, vi o contrário, na velha cadeia de Pilar, onde pontificou Dom Pedro II uma cerimônia de beija-mão: Gente presa, indo e voltando, por causa de malvadez... Presos afastados das suas e das nossas casas, achando-se que, soltos, no nosso convívio, eles atrapalhariam a sociedade; bem diferentes dos pássaros que, livres, cantariam melhor e embelezariam a natureza. Convenceram até ateus de que Deus criou os pássaros para viverem e simbolizarem a própria liberdade.
Não se faz gaiola como antigamente, tampouco prisão; além disso, ter gaiola virou sinônimo de insensibilidade à vida desses bichinhos e denota desrespeito à natureza. Também hoje, severidade no trato com prisioneiros fere os "direitos humanos"... Noutrora, as prisões eram, como gaiolas, simplesmente quatro paredes, teto, porta e janela com grades para o sentenciado espiar e invejar o mundo livre. Sem comodidades, preso era preso, cadeia era cadeia... Hoje, com recursos e reivindicações, não se faz cadeia como antigamente. Fracas "bicadas" destroem "ponteiros", paredes, portas , teto, enfim, os presos, no telhado da prisão, hasteiam bandeiras significando vitória e gritam "mais liberdade ", mais do que a em liberdade: Comandam, aqui e alhures, o tráfico de drogas e os passos dos que estão no lado de fora; dizem-se senhores de ameaçadas vidas e daqueles que, à cata de segurança, aprisionam-se em suas casas e pensam que são livres...
Zé Bubu, em Itabaiana, fazia gaiola que dava gosto a pássaro viver dentro, parecia arquiteto modelando maquete de esplendoroso palácio. Pegava nos ponteiros como as rendeiras, no fio à arte da rendaria. Menos a periquitos ou a papagaios que destruíam tais frágeis ponteiros, amolando o bico para cortar sementes ou, quem sabe, beliscar o dedo indicador de intruso que lhe pedisse o pé. Essas aves não pensavam o que fosse liberdade, não destruíam suas cadeias por esse ideário; a esses bichos, a liberdade se resume simplesmente não ao direito , mas à vontade "de ir e vir", voar e voar. Quem já viu pássaro lutar pela liberdade de pensar? Então, contra quebradores de ponteiro, Bubu entrelaçava arames para gaiola resistente à possibilidade de fuga. Sem discussões, não havia "aves em extinção", consequentemente nem lei prendendo quem pegasse pássaro num alçapão ou no visgo de jaca. Considerava-se privilégio ser pássaro em gaiola: Casa, água, comida, passeios e boas e carinhosas conversas com o dono. Apanhavam-se azulões, canários da terra, galos de campina, rouxinóis, pintassilgos, patativas, concrizes ou curiós, não por malvadeza, mas para enfeitarem e alegrarem a casa e o terraço. Havia pai que tratava melhor e dava maior atenção a esses bichos do que aos filhos.
Quando menino, vi o contrário, na velha cadeia de Pilar, onde pontificou Dom Pedro II uma cerimônia de beija-mão: Gente presa, indo e voltando, por causa de malvadez... Presos afastados das suas e das nossas casas, achando-se que, soltos, no nosso convívio, eles atrapalhariam a sociedade; bem diferentes dos pássaros que, livres, cantariam melhor e embelezariam a natureza. Convenceram até ateus de que Deus criou os pássaros para viverem e simbolizarem a própria liberdade.
Não se faz gaiola como antigamente, tampouco prisão; além disso, ter gaiola virou sinônimo de insensibilidade à vida desses bichinhos e denota desrespeito à natureza. Também hoje, severidade no trato com prisioneiros fere os "direitos humanos"... Noutrora, as prisões eram, como gaiolas, simplesmente quatro paredes, teto, porta e janela com grades para o sentenciado espiar e invejar o mundo livre. Sem comodidades, preso era preso, cadeia era cadeia... Hoje, com recursos e reivindicações, não se faz cadeia como antigamente. Fracas "bicadas" destroem "ponteiros", paredes, portas , teto, enfim, os presos, no telhado da prisão, hasteiam bandeiras significando vitória e gritam "mais liberdade ", mais do que a em liberdade: Comandam, aqui e alhures, o tráfico de drogas e os passos dos que estão no lado de fora; dizem-se senhores de ameaçadas vidas e daqueles que, à cata de segurança, aprisionam-se em suas casas e pensam que são livres...