O bom e velho diário (18-01-2017)
Nestes tempos em que tanta gente expõe detalhes de sua vida íntima nas redes sociais, pergunto-me quantos, como eu, conservam um diário, aquele caderno secreto onde registramos não apenas os fatos mais importantes que acontecem em nossas vidas mas também nossos pensamentos mais íntimos, nossas sensações mais profundas.
Muitas pessoas se tornaram conhecidas após ter seus diários publicados, como Anne Frank e Zlata Filipovic. Através deles, conhecemos, a brutal realidade das guerras em que viveram, o medo, amadurecimento forçado e, linha por linha, acompanhamos suas rotinas, as de suas famílias, seus sonhos e esperanças.
Escritores famosos como Virginia Woolf, Sylvia Plath e outros também tinham o hábito de escrever em diários, os quais chegaram a ser publicados postumamente. Até que ponto podemos dizer que o hábito de escrever suas impressões sobre o mundo foi decisivo na obra desses autores? Talvez nem eles mesmos soubessem, mas é inegável que o hábito de escrever e refletir sobre seus lugares no tempo e espaço que ocupavam permitiu que fossem treinando e lapidando sua escrita, fazendo com que fossem se aprofundando mais quando pretendiam abordar determinado tema.
Quanto a mim, não tenho o menor interesse que meus diários (que são muitos) sejam publicados, pois o que está escrito neles é uma parte da minha vida que é apenas minha. Escreve-os apenas para me entender, refletir e, principalmente, procurar saber meu lugar neste mundo.