Aborto da Desburocratização
Ainda no governo militar, foi criado o Ministério da Desburocratização, cujo ministro foi o economista Hélio Beltrão. Programa bem intencionado, visava acabar, ou ao menos diminuir os entraves da burocracia no serviço público. Hoje, quando ainda deparamos com as dificuldades nos trâmites de qualquer processo, gritamos: “ressuscitai Hélio Beltrão”!
Parece que prevalece o propósito de “se podemos complicar, por que vamos facilitar”?
Recentemente, dirigi-me a um órgão público, com o objetivo de acompanhar um processo que dera entrada há pouco mais de três meses. Encaminharam-me para um setor, depois para outro e mais outro, até chegar naquele a quem caberia dar uma resposta. Ali chegando, fui informado de que o fulano de tal estava de férias e que eu deveria voltar depois. Fui enfático ao dizer: “dirigi-me ao órgão tal e não a fulano de tal”. Se o funcionário está de férias, teria de ter um substituto. Ora, se assim procedem, há um endeusamento daquele funcionário, que vai se achar “o rei da cocada”, pois sem ele o serviço para. É o insubstituível. Se até o Presidente da República, em sua ausência, há de ter um substituto, por que um simples funcionário vai travar o andamento do serviço público?