Um tio, muito inspirador.
Renato dos Santos Stancher, hoje posso confessar, era meu tio, já que casado com Yeda, irmã caçula de minha mãe e pai de Vanessa, essa priminha linda que tanto amo . Tivemos uma convivência alicerçada nos infinitos verões que passaram anual e metódicos em nossa casa em Iriri, onde até mesmo já se tinha um quarto especialmente destinado a eles que não ocupávamos, já que chegavam invariavelmente para desfrutarem conosco do mês de janeiro, todos os anos, ou quando íamos a Niterói, onde moravam e nos hospedavam.
Em que pese taciturno e metódico, Renato sempre foi um boa praça e devo reconhecer que muito do que realizei em minha vida profissional devo a ele, que soube me transmitir seu espírito de empreendedor, pesquisador e inventor, mesmo que por vias indiretas, já que não consangüíneas.
Igualmente, Renato me transmitiu um espírito crítico e cáustico sobre as nuances do mundo político, mostrando que, por vezes, pequenos detalhes de expressão geram resultados mais imediatos e objetivos que grandes explosões. Principalmente, que o mais temido pelos administradores era o de serem mostrados ridículos em suas ineficiências.
Assim o fez, por exemplo quando, já cansados de reclamarmos com a prefeitura de Anchieta, de que Iriri é um mero distrito e àquela época tratado como subalterno, sobre as providências a serem tomadas em sua avenida principal onde, a cada vez que chovia, além de inundadas todas as casas próximas, formava-se uma imensa piscina e que assim se mantinha por semanas, por falta de escoamento, infernizando a vida de todos.
Renato arregimentou a mim e a Luiz Carlos, meu primo, e fizemos inúmeros bonecos de madeira simulando pessoas pescando, se banhando ou pulando de trampolins e que posicionamos por toda a extensão da gigantesca poça, com placas indicando que se tratava do Prefeito. Imediatamente aquele providenciou os canais de escoamento e nunca mais tivemos empoçamentos por lá.
Renato trabalhava na Petrobrás, onde era economista e talvez sua afinidade com o mundo do petróleo, aonde ia estava permanente ligado em busca de algo que demonstrasse a existência do óleo negro e que, caso positivo, dizia, representaria uma excelente oportunidade financeira para todos nós. Por inúmeras vezes, fez-me coletar amostras do solo da região do Rio Preto, aqui em nosso município, as quais levou para os laboratórios do Rio de Janeiro para análise, de que nunca soube os resultados, se positivos ou negativos.
Como empreendedor autônomo, levou-me literalmente a mergulhar no mar de fétido cocô de morcego que existia em cavernas na ilha dos Franceses para a obtenção de amostras para iguais análises, alegando que o “guano” – assim são chamadas as fezes de morcego - ali acumulado durante séculos representava verdadeira fortuna e estava a nossa disposição, bastava que o extraíssemos e o comercializássemos. Apesar de ter fedido a guano por muito tempo, jamais vi o resultado daquelas incursões.
Como notório inventor, enquanto tia Yeda nos agraciava com a mais saborosa broa de milho que tenha degustado e cuja receita aguardo ansiosamente até os dias de hoje, acompanhava-o a oficinas de ferreiros de Piuma, onde estava desenvolvendo sua mais recente invenção - um porta malas externo para Volkswagen – mas não como bagageiro sobre o teto e sim como um complemento apoiado no parachoque traseiro e que, pelo ineditismo, seria patenteado tão logo retornasse ao Rio de Janeiro.
Para desespero de Tia Yeda, que viu todos seus pertences serem colocados no mencionado bagageiro, apesar de seus protestos e apelos para que fossem acondicionados no porta molas convencional que estava vazio, teve que ceder para dar apoio aos experimentos de seu marido e vimo-los partir com o fusca ostentando aquela excentricidade, com Renato orgulhoso ao volante. Dias após, soubemos que nem mesmo conseguiram chegar incólumes a Iconha, onde foram avisados de que todas suas malas estavam espalhadas por muitos quilômetros de asfalto e que nem mesmo lhes foi possível recolhê-las, pois tinham sido massacradas por centenas de caminhões e automóveis.
Logicamente que não em sua presença para não despertar suas reações exacerbadas, divertíamo-nos a valer com cada um de seus casos, principalmente quando contadas hilariamente nos verões seguintes por tia Yeda, quando chegavam acompanhados por Vanessa e Laika, sua cachorra boxer ou, mais tarde, por Bambi, sua cachorrinha pincher, irritante, que mais parecia um filhote de rato. De Renato restou, além das boas lembranças do tempo que convivemos, essa figura tão querida e linda em que se tornou sua filha e que afetuosamente chamamos de Cessinha, médica competente e querida, a quem dedico essa crônica, com um beijo carinhoso.
Renato dos Santos Stancher, hoje posso confessar, era meu tio, já que casado com Yeda, irmã caçula de minha mãe e pai de Vanessa, essa priminha linda que tanto amo . Tivemos uma convivência alicerçada nos infinitos verões que passaram anual e metódicos em nossa casa em Iriri, onde até mesmo já se tinha um quarto especialmente destinado a eles que não ocupávamos, já que chegavam invariavelmente para desfrutarem conosco do mês de janeiro, todos os anos, ou quando íamos a Niterói, onde moravam e nos hospedavam.
Em que pese taciturno e metódico, Renato sempre foi um boa praça e devo reconhecer que muito do que realizei em minha vida profissional devo a ele, que soube me transmitir seu espírito de empreendedor, pesquisador e inventor, mesmo que por vias indiretas, já que não consangüíneas.
Igualmente, Renato me transmitiu um espírito crítico e cáustico sobre as nuances do mundo político, mostrando que, por vezes, pequenos detalhes de expressão geram resultados mais imediatos e objetivos que grandes explosões. Principalmente, que o mais temido pelos administradores era o de serem mostrados ridículos em suas ineficiências.
Assim o fez, por exemplo quando, já cansados de reclamarmos com a prefeitura de Anchieta, de que Iriri é um mero distrito e àquela época tratado como subalterno, sobre as providências a serem tomadas em sua avenida principal onde, a cada vez que chovia, além de inundadas todas as casas próximas, formava-se uma imensa piscina e que assim se mantinha por semanas, por falta de escoamento, infernizando a vida de todos.
Renato arregimentou a mim e a Luiz Carlos, meu primo, e fizemos inúmeros bonecos de madeira simulando pessoas pescando, se banhando ou pulando de trampolins e que posicionamos por toda a extensão da gigantesca poça, com placas indicando que se tratava do Prefeito. Imediatamente aquele providenciou os canais de escoamento e nunca mais tivemos empoçamentos por lá.
Renato trabalhava na Petrobrás, onde era economista e talvez sua afinidade com o mundo do petróleo, aonde ia estava permanente ligado em busca de algo que demonstrasse a existência do óleo negro e que, caso positivo, dizia, representaria uma excelente oportunidade financeira para todos nós. Por inúmeras vezes, fez-me coletar amostras do solo da região do Rio Preto, aqui em nosso município, as quais levou para os laboratórios do Rio de Janeiro para análise, de que nunca soube os resultados, se positivos ou negativos.
Como empreendedor autônomo, levou-me literalmente a mergulhar no mar de fétido cocô de morcego que existia em cavernas na ilha dos Franceses para a obtenção de amostras para iguais análises, alegando que o “guano” – assim são chamadas as fezes de morcego - ali acumulado durante séculos representava verdadeira fortuna e estava a nossa disposição, bastava que o extraíssemos e o comercializássemos. Apesar de ter fedido a guano por muito tempo, jamais vi o resultado daquelas incursões.
Como notório inventor, enquanto tia Yeda nos agraciava com a mais saborosa broa de milho que tenha degustado e cuja receita aguardo ansiosamente até os dias de hoje, acompanhava-o a oficinas de ferreiros de Piuma, onde estava desenvolvendo sua mais recente invenção - um porta malas externo para Volkswagen – mas não como bagageiro sobre o teto e sim como um complemento apoiado no parachoque traseiro e que, pelo ineditismo, seria patenteado tão logo retornasse ao Rio de Janeiro.
Para desespero de Tia Yeda, que viu todos seus pertences serem colocados no mencionado bagageiro, apesar de seus protestos e apelos para que fossem acondicionados no porta molas convencional que estava vazio, teve que ceder para dar apoio aos experimentos de seu marido e vimo-los partir com o fusca ostentando aquela excentricidade, com Renato orgulhoso ao volante. Dias após, soubemos que nem mesmo conseguiram chegar incólumes a Iconha, onde foram avisados de que todas suas malas estavam espalhadas por muitos quilômetros de asfalto e que nem mesmo lhes foi possível recolhê-las, pois tinham sido massacradas por centenas de caminhões e automóveis.
Logicamente que não em sua presença para não despertar suas reações exacerbadas, divertíamo-nos a valer com cada um de seus casos, principalmente quando contadas hilariamente nos verões seguintes por tia Yeda, quando chegavam acompanhados por Vanessa e Laika, sua cachorra boxer ou, mais tarde, por Bambi, sua cachorrinha pincher, irritante, que mais parecia um filhote de rato. De Renato restou, além das boas lembranças do tempo que convivemos, essa figura tão querida e linda em que se tornou sua filha e que afetuosamente chamamos de Cessinha, médica competente e querida, a quem dedico essa crônica, com um beijo carinhoso.