Depressão poética - X
Delírios
Se nada fosse o que realmente parece, se eu, não passasse de um embuste criado à minha própria imagem, num alucinado e aparente estado de embriagues intelectual, sendo feliz numa realidade virtualmente criada por mim, apenas da decisão de ser quem quero, não sendo eu próprio? Se a felicidade e amor não passasse de uma representação real de um sonho, matando a alma de quem verdadeiramente habita este estúpido corpo? Não serão as múltiplas personagens que crio, o espelho absoluto do sentir que reprimo, em desejos estupidamente carnais e egoístas, na busca de satisfação pessoal, como manifestação psicológica do meu verdadeiro ser. Quem sou afinal, o que mostro, o que sinto, ou o que represento, ou serei apenas um espelho invertido de uma realidade que encubro, uma sociopatia de dependência de afirmação? Ou simplesmente tudo isto não passa de um delírio de quem não tinha mais nada para escrever? Resta a duvida, quem afinal dizem que eu sou, sendo eu tudo, no tudo que posso ser, serei eu nada, com tudo ainda aprender, com tudo a escrever, com tudo a viver de novo a cada dia!