Um pressentimento e análise de personalidade

Tenho que pedir licença aos Psicólogos, para falar uma pouco de meu pressentimento relativo à uma figura pública, muito exposta ultimamente.

Esse pressentimento traduz-se na vontade até suicida desse personagem, que, após cometer uma série de atrocidades com a economia do país, deixando livre e escancarada toda a máquina administrativa, para que seu séquito pudesse dela fazer o que bem entendessem. Perderam o limite, se é que deveria ter limite algo que nunca poderia ter sido assaltada e sim cuidada, já que trata-se de bem público.

Essa vontade que está no seu íntimo, é algo que o austríaco Sigmund Freud definiu como "id".

Id (em alemão: es, "ele, isso"): O id é a fonte da energia psíquica, a libido. O id é formado pelas pulsões, instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes. Ele funciona segundo o princípio do prazer (Lustprinzip), ou seja, busca sempre o que produz prazer e evita o desprazer. Não faz planos, não espera, busca uma solução imediata para as tensões, não aceita frustrações e não conhece inibição. Ele não tem contato com a realidade e uma satisfação na fantasia pode ter o mesmo efeito de uma atingida través de uma ação. O id desconhece juízo, lógica, valores, ética ou moral, sendo exigente, impulsivo, cego, irracional, antissocial e dirigido ao prazer. O id é completamente inconsciente.

Tomando essa pequena definição, minha teoria é a de que esse cidadão, ao expor-se de forma extremamente perigosa, ele, essa figura, tem um desejo íntimo e inconsciente de que alguém o tire de cena, tirando-lhe a vida. Dessa forma, estaria atingindo o ápice de sua vontade, já algumas vezes declaradas em seus discursos, de que "viraria mártir" ou mesmo "um herói". Ora, meus amigos, esse é um tema até mesmo bastante "pedregoso", mas, seria, na minha modesta opinião, a forma de efetivamente esse cidadão entrar para "história desse país".

Assim, tendo tragicamente passado para o outro lado da vida, se é que existe, ou após sua morte, imaginariamente ele agora a descortina nesse seu íntimo, como se estivesse vendo as manifestações em torno de seu ataúde, como a dizer, atingi o apogeu de minha existência, sou um ídolo do meu povo, sou um herói, fui um mártir por "tirar o país da miséria" (não entenderá nunca que aumentou a miséria). Esse desejo inconsciente, se manifesta nas ocasiões onde não vê mais saída para seus infortúnios. Existe uma espécie de preferência de ser visto no pós morte com essa pecha (de salvador assassinado, mártir, etc...) do que o que os cidadãos tem como verdade, quais sejam, a que ele foi um bandido, um ladrão, traidor das vontades populares de crescimento, administrou com permissividade, locupletou a máquina pública de seus seguidores, com a libertinagem de fazerem o que bem quisessem para arrecadar dinheiro para si e para construir um plano plenipotenciário de poder, onde ele, agora alimentando seu "ego", reinaria "ad aeternum".

Assim, saindo agora um pouco de seus devaneios, e tomando novamente os ensinamentos ou as teorias freudianas, é preciso rapidamente demonstrar um pouco mais da linha teórica de Freud, definindo o que seria agora a parte mais consciente desse cidadão.

“Data vênia” a paciência dos amigos e a dos doutores no tema, que até aqui me aturaram na leitura, vamos discorrer um pouquinho sobre o que seria esse "EGO", o 'SUPEREGO" e os Mecanismos de Defesa do indivíduo.

EGO

Ego (ich, "eu"): O ego desenvolve-se a partir do id com o objetivo de permitir que seus impulsos sejam eficientes, ou seja, levando em conta o mundo externo. É o chamado princípio da realidade. É esse princípio que introduz a razão, o planejamento e a espera ao comportamento humano. A satisfação das pulsões é retardada até o momento em que a realidade permita satisfazê-las com um máximo de prazer e um mínimo de consequências negativas. A principal função do ego é buscar uma harmonização inicialmente entre os desejos do id e a supervisão/realidade/repressão do superego.

SUPEREGO

Superego (Über-Ich, "super-eu", "além-do-eu"): É a parte moral da mente humana e representa os valores da sociedade. O superego tem três objetivos: (1) reprimir, através de punição ou sentimento de culpa, qualquer impulso contrário às regras e ideais por ele ditados; (2) forçar o ego a se comportar de maneira moral, mesmo que irracional; e, (3) conduzir o indivíduo à perfeição, em gestos, pensamentos e palavras. O superego forma-se após o ego, durante o esforço da criança de introjetar os valores recebidos dos pais e da sociedade a fim de receber amor e afeição. Ele pode funcionar de uma maneira bastante primitiva, punindo o indivíduo não apenas por ações praticadas, mas também por pensamentos inaceitáveis; outra característica sua é o pensamento dualista (tudo ou nada, certo ou errado, sem meio-termo). O superego divide-se em dois subsistemas: o ego ideal, que dita o bem a ser procurado, e a consciência (Gewissen), que determina o mal a ser evitado.

Os mecanismos de defesa

O ego está constantemente sob tensão, nas suas tentativas de harmonizar os impulsos do id no mundo exterior e adequando-os à repressão do superego. Quando essa tensão (normalmente sob a forma de medo) se torna grande demais, ameaça a estabilidade do ego, que pode fazer uso dos mecanismos de defesa ou ajustamentos. Estas são estratégias do ego para diminuir o medo através de uma deformação da realidade - dessa forma o ego exclui da consciência conteúdos indesejados. Os mecanismos de defesa satisfazem os desejos do id apenas parcialmente, mas, para este, uma satisfação parcial é melhor do que nenhuma.

Entre os mecanismos de defesa é preciso considerar, por um lado, os mecanismos bastante elaborados para defender o eu (ego), e por outro lado, os que estão simplesmente encarregados de defender a existência do narcisismo. Freud (1937) diz que mecanismos defensivos falsificam a percepção interna do sujeito fornecendo somente uma representação imperfeita e deformada.

Freud descreveu muitos mecanismos de defesa no decorrer da sua obra e seu trabalho foi continuado por sua filha Anna Freud; os principais mecanismos são:

- Repressão é o processo pelo qual se afastam da consciência conflitos e frustrações demasiadamente dolorosos para serem experimentados ou lembrados, reprimindo-os e recalcando-os para o inconsciente; o que é desagradável é, assim, esquecido;

- Formação reativa consiste em ostentar um procedimento e externar sentimentos opostos aos impulsos verdadeiros, indesejados.

- Projeção consiste em atribuir a outros as ideias e tendências que o sujeito não pode admitir como suas.

- Regressão consiste em a pessoa retornar a comportamentos imaturos, característicos de fase de desenvolvimento que a pessoa já passou.

- Fixação é um congelamento no desenvolvimento, que é impedido de continuar. Uma parte da líbido permanece ligada a um determinado estágio do desenvolvimento e não permite que a criança passe completamente para o próximo estágio. A fixação está relacionada com a regressão, uma vez que a probabilidade de uma regressão a um determinado estágio do desenvolvimento aumenta se a pessoa desenvolveu uma fixação por este.

- Sublimação é a satisfação de um impulso inaceitável através de um comportamento socialmente aceito.

- Identificação é o processo pelo qual um indivíduo assume uma característica de outro. Uma forma especial de identificação é a identificação com o agressor.

- Deslocamento é o processo pelo qual agressões ou outros impulsos indesejáveis, não podendo ser direcionados à(s) pessoa(s) a que se referem, são direcionadas a terceiros.

Bem, meus pacientes amigos, finalizando um pouco o que é esse meu pressentimento, minha sugestão é a de que esse indivíduo de quem falamos, seja mesmo tirado de cena, ou do cenário político, para o próprio bem dele. Mas não da forma que ele arquitetou no seu inconsciente, qual seja, de sua trágica morte. Essa pessoa necessita urgentemente de tratamento, aconselhamento, educação, enfim, precisa um pouco de tudo que nunca teve em termos de dominação do seu intelecto, tornando-o menos rude e sim mais social possível. O melhor lugar que vejo no momento, é a continuidade dos processos que lhe tiram o sono, e que dos juízes que o julgam pelas diversas barbaridades cometidas, o condenem a um bom período longe da sociedade, e, que lhe seja dado esses tratamentos, tão necessários, para que lhe seja tirada a falsa aura de que ele supõe ter, lhe seja tirado esse desejo íntimo de ser um mártir (de que?), de expor, como a dizer, se me matarem, serei um herói. Ainda é preciso tirar desse homem, o pensamento tácito de que seria considerado um mártir porque buscou servir os mais necessitados. Novamente, ele teria que entender, que, muito mais prejudicou os que diz defender. Ele precisa entender que todos os seus correligionários o usaram também para enriquecimento próprio, cometendo uma série de delitos, e que muitos estão já condenados por essas atitudes tresloucadas.

Há, espero também que possa sobrar tempo no seu período de cárcere, para entender uma pouco das lições daqueles que criaram toda uma filosofia política e de vida social no seu conjunto, sendo então dado a ele conhecer os pensadores que tivemos no passado e presente.

Uma pena que esteja já mais próximo da sua morte natural, e não dará tempo de sair redimido de seu cativeiro, entendendo o que seria democracia, o que seria trabalhar para o bem de seu povo, o que seria formar patrimônio social, o que seriam os melhores valores dos homens vivendo em sociedade, tais como o caráter, a honra, a ética, etc...

Pelo próprio bem dele, deverá ser condenado o mais rápido possível, antes que alguém cumpra o desejo de seu “id” assassinando-o para que se torne um “santo”, para que possa, no silêncio do seu cárcere, resgatar tudo o que não teve como oportunidade de formação e educação durante toda sua existência. Para que perceba que se tornou um lacaio de seus seguidores, desde os tempos de sua passagem pelo sindicalismo retrógrado que ficou estabelecido no país desde os tempos de Getúlio Vargas, aliás, que também tinha essa doença e terminou sua existência cometendo suicídio, deixando uma carta testamento. Muito comum nesses casos emblemáticos. Se procurarem, acho que o indivíduo ao qual nos referimos, deve ter também já escrito o seu, para completar as ideias de seu inconsciente.

Marco Antonio Pereira

São Paulo, 15 de janeiro de 2017.

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 15/01/2017
Reeditado em 15/01/2017
Código do texto: T5882543
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