Histórias de um avental
Com Avental também se faz crônica, sabia?
Eu me lembro da música exaustivamente cantada nos dias das mães, que a reduzia à mulher do lar, com o avental todo sujo de ovo.
Mas, existe coisa mais decepcionante que, ao passar uma roupa, perceber que está manchada de gordura e perder toda a lavagem? E volta para o cesto de roupa suja, mesmo cheirosa de amaciante.
Tudo porque deixamos o nosso avental pendurado num gancho qualquer.
Para não lavar a roupa duas vezes, faço um propósito para 2017: colocar avental ao cozinhar. Parece simples, não é? Mas é uma mudança de hábito como outro qualquer que evita gastos, conserva melhor a roupa e não nos deixa chateadas. Ajuda na autoestima; eu consegui!
A criatividade com que idealizam esta peça é encantadora. Tem uma gama de modelos, cores e tamanho. O tema passeia pelo humor, clássico, charme e época. Também têm os customizados. Ficam uma graça e ainda são sustentáveis. Pode-se rever os costumes de época por meio dos aventais usados em cada período da História.
É comum presentear amigos com os aventais trazidos das viagens, enroladinhos num canto da mala, comprada só para os acréscimos da bagagem, ou com a características do presenteado. Não faltam os modelos que as escolas confeccionam no dia dos pais, das mães, estampando os rostos dos filhos, declarando um grande amor. Um rosto suave, outros com janelinhas nos dentes, orgulho de quem já está crescidinho, deixando de ser o bebê da família. Aventais que trazem o Self do encontro de Família. Dos afagos nos cabelos, da mão no ombro que acaricia; o olhar úmido da saudade que sentiu e da alegria por estar, em chegar. Sem falar das frases inevitáveis; como você cresceu! Já está na Faculdade, com esta carinha de menina? Tem namorado? Conta pra tia.
Todos nós temos uma história com os nossos aventais, mesmo que hoje, eles não nos lembrem a mamãe apenas pilotando um fogão. Tem muitos ao redor de uma churrasqueira.
A minha mãe nos dava aventais feitos de sacos de farinha, com bainhas de pano estampado, com rendinhas ou bicos de crochê. Era mais que um avental. Tinha cheiro das comidas feitas em fogão à lenha, das flores do jardim regado todos os dias, das noites velando nossa dor de ouvido, nossas cólicas, da gemada que fazia cedinho.
Nunca nos deixava sem presente de Natal, ou de aniversário. Sua criatividade externava o seu amor na simplicidade de uma máquina de costura, do pano reciclado, Havia poesia em suas mãos.
Olynda Bassa