NADA MAIS GRANDIOSO QUE O AMOR, SE VERDADEIRO.
Escrevi esses excertos ontem, chegado da única praia que frequento, mais em janeiro, exilado do calor, em fuga do ar refrigerado, João Fernandes, bucólica e ventada pela aeração permanente de Búzios. Isto, embora tenha nascido com os pés na água que faz anos olho de longe, Icaraí.
João Fernandes é paz que reconforta, e tanto, que em certo momento traz a inércia da mente e do corpo. Os neurônios reagem. Há uma meditação expontânea vagando no entorno da plena paz, transitando por outros espaços onde há congregação do puro amor da família, benefício onde nada mais se avizinha e se soltam as cadeias da informação que intoxica e violenta. A distância que privilegia.
Chego e abro o computador, dele distante. Escrevo em comentário como ordenado por meu interior:
“Feridas só os feridos podem curar, com ou sem ajuda de quem feriu ou se assim entende o ferido, entendendo que ferido foi, com ou sem razão. Despojamento para compreender e liberdade para perdoar e conceder amor são os centros capitais que poucos frequentam e por isso sofrem. É preciso se libertar, podendo, do que está longe de se alcançar.”
A vida traz lamentos ou alegrias, é impositivo, Maniqueísmo presencial. Só o amor é insuperável, o tudo no nada em que se vive. Trocaria tudo que consegui com suor e trabalho por meus amores insubstituíveis, nada de material disso me afastaria.
Quem pode se livrar de lamentos e mágoas pela grandiosidade do amor não sofre, pode viver mais feliz. Mas é difícil amar verdadeiramente, como encima o título. Se despojar e abrir o espírito é difícil para a retenção. Onde está a mágoa, no que é magoado, no que não compreende quem magoa, ou naquele que afasta o amor?
A grandeza do amor parte do interior onde habita o perdão irmão do amor,mas hoje ele está infestado de egoísmo, uma outra força emocional oponente que vai vencendo como desenha a história de domínio público ou privado. A batalha continua por um terço que pensa da população do globo como refere Voltaire. Esse terço sabe que pode viver na seara de uma liberdade onde bastaria o sustento da proteína, mas onde não falte amor . Creio já ser um número otimista o terço de Voltaire.
Meu filho chegou da serra onde mora trazendo uma preciosidade, um tesouro que poucos guardam em sua mente, o último livro do genial físico e filósofo natural, professor emérito universitário no exterior, Marcelo Gleizer, que não consegui comprar nem encomendado ao meu livreiro, ”A simples beleza do inesperado”, edição esgotada por quem percebe o “novo” incontrastável. É das poucas leituras que consigo ter acesso proveitoso, fora frequentar os clássicos que perduram, como a imbatível renascença nas artes plásticas. Quando e quem melhor nesse cenário do mecenato dos Médici e outros?
É assim também no que podemos chamar de literatura que acrescenta nesse mar perfunctório onde fica linear e lisa essa superficialidade que tudo toma de assalto e domina, voraz e virulentamente. Não falo de internet, veículo que muito auxilia, mas ao invés de estimular torna-se impérvio, porém alcança, e alcançando faz a voz de Umberto Ecco, uma semiologia antes de tudo de grandes braços.
E diz Gleiser, criador de outra obra de alento, “Criação Imperfeita”, na produção do inesperado que gera conhecimento e surpresa: ”Essa busca por uma conexão com algo que é muito mais vasto do que posso aprender, SÓ PODE SER CONSIDERADA POR UMA EXPRESSÃO DE AMOR. Einstein a chamava de experiência do mistério, “a emoção cósmica religiosa”, que, para ele, é a mais profunda que podemos ter, algo de inefável para a vastidão da criação.” Caixa alta nossa.”
Enredado em mistério o que é mistério e sempre será, a mais profunda emoção que nos vem do cosmos, a criação do próprio cosmos. Só o amor tudo pode compreender. Por quê? Por nós ter chegado do mistério essa incalculável força que se verdadeira não admite trocas nem recusas.
O amor está acima de tudo, quando verdadeiro.