Nada Resta?
Belvedere Bruno
Quando um relacionamento de amor acaba, com a certeza de que o tempo é findo, por que não se pode estabelecer uma amizade sobre os sentimentos bons que restaram? Vive-se em companhia anos e anos, para, de repente, por orgulho, vaidade, ou não sei o quê, haver uma sucessão de dias pesados, quando poderia haver trocas saudáveis, bastando para isso respeitar-se o novo momento de cada um. Alguns dirão que é preciso ser muito "civilizado" para isso, pois quase sempre uma das partes sai ressentida. Que seja, mas temos que respeitar o direito do próximo.
Por que tornar tudo tão difícil? Não consigo entender como não falar com quem convivemos por tanto tempo, só por não haver mais um casal . E a amizade, o carinho, onde ficam? Como, de repente, não ouvir mais as palavras incentivadoras, ter o bate-papo gostoso? Não me conformo com esse tipo de mentalidade que deixa o ser humano parecer artigo descartável. Para que eu rompesse de vez com uma pessoa que amei, teria que haver um motivo justo. Nada que me trouxesse um "estado de perplexidade".? Por quê? - me pergunto incessantemente: - Por que é tão difícil esse exercício de sobrevivência após separações? Quando teremos suficiente maturidade para conviver com aqueles que um dia amamos, mas que, por contingências da vida, não chegamos ao "até que a morte nos separe"?
É triste a aparente indiferença, a falta de esforço em conciliar sentimentos. Sabemos que tudo é cíclico na vida. Como não aceitar o fim do que já acabou?
Sei que um dia não haverá mais tempo para se repensar... É a tal hora do gosto amargo do que não se fez, do que foi perdido .
O que falta às pessoas é a coragem de dar um bom pontapé na desgraça que é nosso orgulho e vaidade de cada dia.