Tocando a acridoce flauta da vida
 
 
Os pais coitados, moram longe
já não caminham mais com desenvoltura.
A irmã coitada, envolta nas preocupações
só tem cabeça para cuidar da sua saúde.
O primogênito coitado, envolto também na hipertensão, foi o único que marcou presença
vindo almoçar junto.
Os outros filhos coitados, correria do dia a dia
serviços atrasados, contas para pagar.
As noras coitadas, uma pelo menos
conseguiu uma ligação telefônica
a outra certamente, como o genro, esqueceram.
A esposa coitada, pacientes em excesso
só conseguiu uma ligação telefônica no final do dia
O MIU coitado, cheio de dores, perdeu a unha presa na cortina passou o dia todo triste, enrolado no rabo
Os sobrinhos coitados, com obrigações profissionais
também não apareceram.
Os funcionários mais próximos coitados,
salvaram a data com uma coca-cola
e um pacote de sequilhos Panco
Cantaram parabéns prá você.
Foi um dia mais acri que doce
O molho de macarrão não me sujou
Aquele calorzinho gostoso da forma do assado
esse ano também não me esquentou
Não teve respingos de vinho
Não me sujaram com glacê de bolo
Sequer tive queimadinhos pelas faíscas das velinhas
Esse dia foi triste.
Eu coitada, apenas uma velha toalha de linho branco
esquecida numa gaveta, que ja servi para
muitos aniversários, hoje sequer servi para
apanhar as lágrimas que rolaram
nesse triste dia trinta e um de julho.
Augusto Servano Rodrigues
Enviado por Augusto Servano Rodrigues em 01/08/2007
Código do texto: T587937
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