Laurinha fugiu!!!

Antigamente, na cidade de Arcoverde, começo dos anos sessenta, havia dois locais onde os boatos pipocavam: uma barbearia e um sinuca. Ambos eram ponto dos boateiros de plantão. O sinuca, creiam, vencia folgado à barbearia. Sempre aparecia um boato quente em edição extraordinária,

Mesmo nesses locais onde retalhava a vida alheia e se falava de todo mundo, havia pessoas que eram poupadas e nem o nome delas era pronunciado. Eram respeitadíssimas. Era o caso de uma moça chamada Laurinha, filha de um próspero comerciante que morava, pasmem, numa casa vizinha ao sinuca. Essa moça era muito religiosa e só saía de casa para o colégio e para a Igreja, não olhava de lado e nem nunca namorara. Era considerada uma santa, a expectativa geral era que fosse ser freira, era, segundo todo mundo, sua vocação. Mas a vida proporciona surpresa até aos mais experientes fofoqueiros e comadres que tomam conta da vida dos outros.

Certo dia eu estava no dinuca jogando uma "negra" (melhor de três), apostado, a partida estava pela bola sete e eu estava mirando nela, estava de reta, impossível errar e eu jogava bem. Mas errei a bola bicou porque na hora da tacada, um boateiro famoso entrou bufando e esbaforido e anunciou aos gritos um boato que abalou a todos nós: - Laurinha fugiu com um viajante!!! Todo mundo se assustou mas não quis acreditar, até que o dono do sinuca, um sujeito muito sério e amigo do pai da moça, chegou e confirmou o boato, era fato concreto: laurinha fugira mesmo com um viajante de remédios. Não se sabe como conheceu o sujeito perto da Igreja e se apaixonaram e fugiram, não se sabia para onde. A cidade parou, o pai da moça aflito peediu à polícia para procurar mas nada de se achar o paradeiro deles, até que um mês depois os pombinhos voltaram já casados e foram aceitos pela família da moça e viveram muito felizes. Laurinha continuou respeitada mas perdeu a fama de santa. Inté.