AINDA OS REIS MAGOS NATALINOS

Tudo farsa, fantasia, sonho. Afinal, o pensamento é uma estrelinha fantoche que some tal uma pandorga, ao sabor dos ventos de vários humores. Daqui do sul do mundo esvoaça o meu quebra-costelas e o beijo estrelejado na barba dos reis que louvaram o Menino com incenso e mirra. Lindas pipas esvoaçantes, adereçadas de estrelas. Seja na invernia ou ao calor tropical. Com ou sem as vestes coloridas que chamam a atenção dos apressados. O que vale mesmo é a criança dentro de nós olhando pela fechadura para tentar ver as renas do bom velhinho, aquele que os mais velhos apresentam como capaz de todas as confraternidades. E acreditar na visita aos sapatos gastos que esperam presentes embaixo da cama. Geratriz da farsa piedosa que tenta igualar pobres e ricos. Pena que a tal de igualdade esteja somente na cabeça dos que ainda guardam uma porção de infância. E que sonham todos os dias com um mundo harmônico e em paz. Êta mundo véio sem porteira!

– Do livro O PAVIO DA PALAVRA, 2015/17.

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