Tudo vai passar
Ok. Vai passar. Você sabe que vai. Sempre passou. Coisas piores passaram.
Então tá tudo bem.
Mas enquanto não passa, o que você faz com aquela dorzinha do lado esquerdo do peito que insiste em te lembrar do quanto tá doendo, e de que não, não é infarto.
Enquanto não passa, o que você faz com os amigos que não sabem de nada porque você não teve disposição pra contar, e perguntam: e o fulano? Ou pra aquela senhorinha na academia que parece ter sexto sentido pra tudo e logo te pergunta: "ô minha filha, tá tudo bem?"
Enquanto não passa, o que você faz com cada momento que vez ou outra aparece na sua cabeça de forma inesperada?
O que você faz, enquanto não passa, com as horas do dia que você passava conversando com aquela pessoa, e que agora parecem ser impreenchíveis?
O que você faz quando abre o whats app e não tem um bom dia, e aí você manda bom dia pra outras tantas pessoas esperando ocupar aquela lacuna.
O que você faz, com aquele dia inteiro, que parece ter muito mais que 24h?
Enquanto não passa, o que você faz com o trabalho e a vida cheia de compromissos e responsabilidades que chegam e exigem que você esteja bem?
É, meu amigo, sinto lhe informar, mas não existe uma fórmula mágica pra isso. Não dá pra dizer pra você se jogar na balada, beijar muitas bocas, e afirmar que isso vai resolver e sanar a sua dor.
Cada pessoa tem um timing diferente. E uma maneira diferente de sair disso também.
Pode ser que você sofra um mês, ou um ano. Pode ser que essa dor dure só hoje e amanhã. Mas não dá pra saber.
O que minha mãe sempre me disse, é que quando for assim, o melhor é deixar sentir, deixar doer, se permitir chorar se isso aliviar um pouco. Dois dias, três no máximo. Depois você ergue a cabeça, aceita que é isso mesmo e que daqui a pouco a vida sorri pra você de novo. Comigo funciona. O problema são só esses dois primeiros dias, que minha mãe esqueceu de me dizer, mas duram uma eternidade...