AS GATAS
Para ser sincero, sejam de duas pernas ou de quatro, não são da minha área de preferência. Não tenho tido muita sorte na convivência com elas.
Nos fundos da casa, há pequena cobertura onde ficam os botijões de gás e outras tranqueiras. Certo dia, uma gata deu à luz ali três filhotinhos. Prestamos a assistência que julgamos necessária, como água, ração à gestante. E os gatinhos cresciam. Logo estavam correndo pelos corredores. Eram ariscos. Não deixavam pegá-los no colo. Entravam na tubulação da água das chuvas e ficavam ali brincando. Passadas algumas semanas, a mãe se ausentava todas as manhãs e só retornava à noitinha. E então precisamos alimentá-los.
Certa manhã a faxineira se descuidou e deixou a porta para rua aberta. Os três aproveitaram e saíram correndo para a rua indo refugiar-se numa matinha na praça defronte. Procurei-os mas em vão.
À noite, a mãe não encontrando as crias, miava com tristeza. Dolorida. Pungente. E olhava para mim como fosse culpado pelo desaparecimento dos gatinhos. Isso durou semanas até ela desaparecer para sempre.