Barulho

Hoje me deu uma vontade imensa de escrever sobre um tema que não é tão habitual para cronistas e que para mim é um desafio particular: discorrer sobre "barulho". A agitação do mundo moderno produz muito ruído por meio de diferentes situações: em grande cidades ou mesmo nas de médio porte como o Aracati faz parte das cenas do dia-a-dia vermos motoristas apressados buzinando de forma insistente pra pedir passagem a outros motoristas igualmente apressados ou alertar pedestres desapercebidos que desejam atravessar uma rua de trânsito mais constante. A adrenalina sobe pois todos querem chegar logo em algum lugar. Também vemos pessoas ruidosas falarem alto aqui e acolá sobre assuntos importantes ou triviais do cotidiano e algumas delas verbalizam rusgas com palavrórios que não ouso aqui citar. Locutores eloquentes fazem acalorado merchandising de produtos e serviços de lojas da cidade com seus potentes autofalantes. Amigos celebram a chegada do fim de semana com muita cerveja e som alto "convidando" a vizinhança a prestigiar seus gostos musicais de qualidade duvidosa. Também se ouve em menor frequência a zoada estridente do giroflex de carros de polícia ou de ambulância: alguém cometeu alguma peraltice ou ato de imprudência que resultou em algum dano para a vida alheia. São incontáveis as situações que justificam o por quê de haver tanto som desagradável mundo afora. A quantidade de decibéis captados por nossa audição todos os dias é tão grande que nos esquecemos da vital importância do silêncio pro nosso equilíbrio interior. Do quão agradável é para os tímpanos e pra alma um breve instante de sossego, sem nada a nos perturbar. Quando estamos em repouso, passamos a ouvir sons que não percebíamos até então em nosso corpo como os nossos batimentos cardíacos ou a densidade de nossa respiração. Nossa mente agitada se acalma e as inquietações que nos perturbam cessam de incomodar por um breve instante. É impossível pedir ao mundo que se cale e seria um ato autoritário de minha parte exigir dele o silêncio que tanto desejo. Busco a cada dia não fazer barulho e a me chatear cada vez menos com o ruído alheio. Tento não fazer a mente fervilhar com coisas desnecessárias. Tornei-me seletivo quanto aos sons que me divertem e ser sucinto em minhas falas para não alugar por tempo demasiado o ouvido alheio. No fundo, toda esta gente a que me referi apenas que ser ouvida embora da pior forma possível.