Abstração

Ás vezes divagava, às vezes cochilava, sentado na velha cadeira de balanço de palhinha, completamente abstraído do presente. Não sentia nenhuma vontade de se conectar com o que estava acontecendo no país e no mundo no momento. Às favas a realidade, as notícias, a crise. Naquela semi-sonolência e divagações gostosas em que ele pensava no que foi e no que poderia ter sido, rememorando o passado, lembrando os bons e maus momentos, alegrias e tristezas, mancadas e algumas vitórias, ele estava contente. Bastava-lhe recordar.

E nos hiatos em que não cochilava, fantasiava o passado inventando cenas que não aconteceram, adulterando, enfeitando o maracá... Às vezes ria e achava ridículo esse exercício, mas se era algo gostoso, pra que evitá-lo? Esse escapismo era saudável, inclusive retemperava suas combalidas forças para dnfrentar a mesmice, o tédio e as dificuldades da realidade

Às vezes divagava, às vezes cochilava... Dizem que ele está caducando. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 07/01/2017
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