OS FACEBOKEANOS FELIZES !!!
CIDADÃOS FACEBOKEANOS
Meus amigos, todos nós já fomos crianças, já ouvimos diversas histórinhas e fábulas infantís ou já passamos tardes e mais tardes nas salas das bibliotecas fazendo leituras,
já nos deparamos com uma celebre história de Alice no país das maravilhas.
É uma história de uma menina que sem querer cai na toca de um coelho, e a mesma leva Alice a um país fantástico povoado por criaturas peculiares e antropomórficas, revelando uma lógica mais que absurda da nossa vida real.
Mas hoje porém, todos esses acontecimentos vividos pela menina Alice, já podem de uma certa maneira, serem vividos por pessoas novas e velhas que me parecem acreditar em papai noel, bicho papão, e que se deixar aquele dinheiro que caiu no chão ali mesmo, nasce um "pé de dinheiro".
Estou me referindo sem medo de ser feliz, do já conhecido "Facebook" ou melhor dizendo, a terra das ilusões.
Juro, que até eu queria morar no facebook, casar com a mulher do facebook, ter os filhos do facebook e ter as férias no facebook. Até comer num restaurante com produtos da fazendinha virtual, e ter uma excelente remuneração no facebook.
Vivemos tempos em que a inveja é um mal institucionalizado, não seria diferente instigar esse sentimento na web.
Aparentemente no facebook, todas pessoas são felizes, realizadas, plenas de saúde e têm uma luz interior que em lugar algum pode ser encontrada. Têm solução para tudo, palavras de conforto e estímulo para qualquer tipo de problema... será isso realidade, ou um “Shangri lá” que nos dá uma falsa sensação de vivermos num país 100% harmonioso não é mesmo?
No país chamado facebook podemos ser quem quisermos: brancos, negros, homens ou mulheres; podemos ser revolucionários ou acomodados, defender causas possíveis ou impossíveis, enfim, tudo é possível ao cidadão facebokeano. Não há uma pessoa, sequer, que seja ou esteja infeliz nesse território.
Quando alguém se arrisca a mostrar um ângulo mais nostálgico, ou mesmo a declarar um luto , real ou não, há uma multidão de “amigos” disposta a consolar e mostrar que não é necessário
nem desejável estar ou ser triste, não cabe gente assim nesse território. Aliás, tristezas e realidades nem tão festivas assim chega a incomodar ali, onde tudo são flores...
Um casal por exemplo, acaba de se engafinhar; Ele deu diversos chutes e pontapés na sua mulher, ela por outro lado, lhe jogou uma paneta de água quente pelas fuças.
Mas, no fim das contas entre tapas e beijos, postam um punhado de fotos, aquele soriso de crocodilo cujo os mesmos podem ser vistos no canto da boca, e....Tudo bem; aí quem está do outro lado da tela contempla " Puxa, que casal bonito, bem que eu e meu marido podiamos ser unidos e bonitos assim" ah, ah, ah otária, você não sabe de nada desse casal, deixa de ser invejosa e não troque sua relação por selação de ninguém.
Ou então continue se iludindo na terra do Facebook, para que você seja vista por todos.
Vai lá, aluga ou toma uma roupa, um carro emprestado, uma mansão e diz que lhes pertence, faz um montão de fotos e mostra no teu grupo, mostra para o mundo o teu grande "fake", que ele seja visto. Quanto aos amigos e amigas, você tem em mãos o controle total sobre tê-los ou dispensá-los, se não forem tão divertidos ou se não corresponderem ao que se espera. Inclusive, nem é preciso qualquer tipo de esclarecimento, explicação ou despedida, basta clicar em “desfazer amizade” e - pluft – por um passe de magia, aquele amigo ou amiga não mais existe em seu céu facebokeano. Simples assim. Não há necessidade de enfrentar situações desagradáveis, resolver mal entendidos, sofrer por despedidas ou algo assim ou não?
Mas, quem são os verdadeiros cidadãos facebokeanos? É aquele que acorda e dorme, passando horas na frente de seu laptop, celular ou pc? Esquecendo dos seus afazeres domésticos, dos filhos, do marido, da esposa, contas a pagar, da comida, do asseio corporal?
E o pior é que essa alienação está dentro ou fora das lan houses, e pode desligar-se tanto da realidade que não se importa com as pessoas de carne e osso que o rodeiam, e que com certeza sentem sua falta, preocupam-se com ele e sofrem com seu distanciamento.
Aliás, nessa mesma conversa com amigas e colegas, tomando um café real com gente muito querida, uma de nós comentou que sua ??lha adolescente e as amigas estavam em sua casa, dia desses, em profundo silêncio: cada uma com um laptop no colo, comunicando-se uma com a
outra, e com outras amigas e amigos... sem qualquer contato real, a não ser o compartilhamento do espaço físico! É o mundo virtual... até onde podemos chegar, sem nos alienarmos totalmente, sem nos mudarmos para o país mágico do Facebook, onde tudo é possível e todo mundo é feliz?
Enfim, e já concluindo, tudo é bom, desde que não haja excesso.
Usar o computador para comunicar-se com os outros é bom. Esconder-se atrás de uma falsa identidade não é bom. Atualizar-se, fazer novas amizades é ótimo. Deixar de encontrar-se com amigos reais ou desistir de um churrasco com amigos ou amigas para ficar atrás do computador não só não é bom, como pode ser sinal de alerta.
A Internet e as redes sociais tem sido um excelente palco para o Eu Idealizado. É incrível como todo mundo, no Facebook, é bonito, bom, justo: Casais que passam os dias brigando aparecem em fotos onde esbanjam comunhão de ideais; pessoas solitárias que choram
todas as noites por carência de afeto, publicam trechos de autores notórios, como se fossem seres superiores e bem resolvidos; filhos que xingam os pais diariamente escrevem em sua linha do tempo o quanto os amam e são agradecidos por tudo que lhes fizeram;
moças e rapazes vazios e insatisfeitos com seus corpos, ostentam
selfes em ângulos que os fazem parecer felizes, perfeitos e invejáveis. Mas o mais surpreendente são os queixosos, porque estes também existem no Facebook. Eles escrevem do nada, como estão se sentindo: “Triste :-(”, “Com dor de cabeça”, “Com vontade de morrer”. Por mais incrível que pareça, também estão encenando seu Eu Idealizado. Apenas, ao invés de ser um Perfeito Super Star, optaram por ser o Maior Sofredor do Mundo. Mas todos exageram, distorcem a realidade, mostram a parte de si que acreditam ser capaz de lhes conferir a atenção, o amor, o aplauso e a glória. São os que caminham por uma trilha que os distancia, cada vez mais, de si mesmos.
Então, aos invejosos que se retorcem ao ver a "bem sucedida vida alheia?" fica um consolo: o Facebook é, em grande parte, a materialização (virtual!) de um País das Maravilhas. Enquanto Alice foi parar nele caindo acidentalmente num buraco, nós acessamos esse mesmo buraco, no século XXI, através celulares, tablets, notebooks etc.
Entrem crianças grandes e velhas desprovidas de ocupação e bom senso! A casa é de vocês !
Mas, cidadões facebokeanos, tenham cuidado porque "o tempo passou na janela e só Carolina não viu."
JOSÉ JOAQUIM SANTOS SILVA
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