QUAL A COR DA INCOMPETÊNCIA?
O que será que leva alguém ao torpor, quando submetido à humilhação?
Concursos públicos e vestibulares podem ser usados para compensar lacunas históricas, sem ferir a ética, sem enodoar o caráter dos beneficiados, sem estimular a dúvida e o preconceito?
Existe regozijo na humilhação?
Por que uma pessoa é levada a crer que pode usufruir de uma situação anômala, deprimente, um direito que moral e legalmente é de todos? Como se sentir integrado ao meio, se este privilégio foi concedido com desdém e por menosprezo? Uma solução que abriga os inconfessáveis interesses de quem se habituou a galgar degraus pisando nas cabeças, pouco sensíveis ou menos lustradas.
Há que pensar!
Serão os negros e os índios merecedores de tanto desrespeito?
- “É dívida com a raça negra que agora se tenta expiar!”
Mentira!
- “Agregaram os índios para fazer justiça!”
Que justiça?
Há tribos sendo dizimadas pelo descaso, pelo isolamento, pela falta de recursos. Muitos estão morrendo de fome, disenteria, tuberculosos ou vitimados por outras doenças que também poderiam ser evitadas com o sistemático trabalho de prevenção. Muitos, perdendo as raízes, se suicidam ou se entregam ao vício do tóxico e do álcool. A prostituição está vinculada à miséria.
As maiores vítimas são as crianças que não resistem ao sacrifício que é sobreviver ao desamparo. Inúmeras culturas vão se perdendo por faltar estímulos à preservação.
A quem os vis gestores querem enganar?
Os negros foram escravos até 13 de maio de 1888. Libertos, deixados à mercê da sorte. Passaram fome, adoeceram, morreram. Penaram penas. Aos poucos e a custa de muito sofrimento foram se desvencilhando das amarras.
Com nobreza e determinação, homens de estirpe venceram, na época, o forte preconceito e provaram com competência, que criatividade, espírito científico, etc..., são aptidões inerentes a todo ser humano, independente de raça, credo ou posição social. Jornalistas, romancistas, advogados, médicos, poetas, comerciantes, cientistas foram negros cujas inteligências brilhantes, alto índice de criatividade e visão venceram o pavoroso racismo da época.
Os brancos se miscigenaram. Os índios se miscigenaram. Os negros se miscigenaram. A miscigenação mudou a cor, o corpo, o humor da população. A miscigenação mudou o andar, criou ritmos, deu novas formas à arquitetura torneando seus traços, coloriu a pintura com a dinâmica dos novos matizes. A Arte Brasileira ganhou personalidade.
E o preconceito?
O preconceito sempre haverá. Contra os negros e entre os negros.
Contra os brancos e entre os brancos.
Contra os índios e entre os índios.
Contra os deficientes e entre eles.
De pobre contra rico.
De rico contra pobre.
Porque o preconceito pertence à informação mal assimilada, à ignorância e ao lado sombrio da alma. Ele se aglutina à inveja, ao ciúme, à ambição. É o lado nocivo da espécie humana. A verdade é que a Educação pode e deve cerceá-lo, tornando as qualidades de seus objetivos, alvo de todos os seus esforços.
A Educação é para todos como o alimento.
É possível ser criada quota de comida que privilegie um percentual de famintos em detrimento de outros, tanto ou mais necessitados?
Sim! É possível!
A quota racial é uma excrescência!
Parece que os quotistas não entenderam a situação de inferioridade a que foram expostos.
A lisura dos concursos públicos e vestibulares é maculada para servir aos “incapazes”: negros e índios. Acaso, eles não têm condições de competir em igualdade?
Esta é a ofensa!
Por favor, reajam! Não se submetam a tanta humilhação! Não se ajoelhem!
As crianças e adolescentes carentes recebem uma educação que não alimenta. Integram a solução covarde e inapelável - mesmo que se esforcem terão que ceder a vez para um negro ou um índio, não por mérito, por solução política.
As famílias que se empenharam para dar a seus filhos condições de frequentar uma escola particular, com sacrifício debulhado durante anos, buscando melhor qualidade de ensino, assistem pasmas à solução iníqua.
Qualquer concurso público submete o “negro coitado” e o “índio vilipendiado” a esta deprimente condição.
É claro que haverá aqueles cuja dignidade fala mais alto, mas sempre há quem, maldosa e preconceituosamente, se referirá a ele como ”quotista”. E, ai “de um deslize”...
Em 2007, o geneticista Sérgio Pena, do laboratório Gene, analisou com sua equipe o DNA de alguns negros famosos. A miscigenação foi constatada em todos, com maior ou menor percentagem. Houve, porém, um fato muito curioso. Um dos analisados foi o cantor popular “Neguinho,” da Escola de Samba Beija Flor. Seu apelido já dispensa qualquer comentário – é “negro retinto”. Pois, não é que ele tem em seu DNA 62% de sangue europeu?
Daiane, a nossa campeã de ginástica artística no solo tem no seu DNA, 39,7% de ancestralidade africana, 40,8% européia e 19,6% ameríndia.
Se o teste analisasse alguns dos “nossos brancos” é certo haveria também surpresas.
Ao invés de quota, valorizem a auto-estima do povo com uma boa qualidade de Educação! Privilegiem a excelência, cultivada no ambiente de ensino! Dêem ao povo condições de discernimento. Permitam que ele possa competir em condições de igualdade. Não manipulem a interpretação da lei:
-Todos são iguais perante a lei -
Quando um País pratica tamanha incongruência é porque os seus administradores reconhecem a “porcaria de educação pública que estão oferecendo.” O nível dos gestores é tão ruim que procuram a solução mais fácil, sem perceber que chancelam a própria incompetência.
Basta desta ignóbil brincadeira de “faz de conta” - porque ninguém riu!
O que mais é preciso pra saber qual a cor deste Povo?
O Brasileiro é Verde, Amarelo, Azul e Branco!