CRÔNICA – Como será amanhã – 04.01.2017
 
 
CRÔNICA – Como será amanhã – 04.01.2017

 
Passados os festejos natalinos e de ano novo, entramos novamente num período difícil, até por que o fantasma da Lava-Jato vai continuar mexendo com a vida dos brasileiros, envolvidos ou não na maior corrupção de todos os tempos que assolou o país.

A delação da Odebrecht, em sua totalidade, vai explodir como uma bomba, atingindo políticos que nem de longe poderíamos acreditar pudessem estar envolvidos no esquema cujo enredo pode ser comparado aos dos maiores filmes já produzidos na história da sétima arte.

A reabertura dos trabalhos dos poderes da república, que produzem pouco, mas têm férias em demasia, vai marcar a continuação dos inquéritos, das denúncias e até de novas prisões. Mas é bom alguém dar o primeiro grito para que os tribunais não funcionem a passos de cágado, bem como não tenham medo de mandar recolher, presos, certas figuras do cenário criminoso do país.

Aí então chegará o carnaval, os famosos festejos momescos, tidos como os maiores do mundo, que servem para tirar o foco dos problemas e passar ao povo a ideia de que tudo está indo maravilhosamente bem. Mas o povo adora ser enganado, cai no samba ou mesmo no frevo ou no axé e se esquece do dia anterior e nem liga para o que vem em seguida. Há lugares em que essa festa criada pelo satanás passa mais de um mês rolando “solta na buraqueira”. No final das contas, mais uma vez os gastos dos governos suplantam todas as expectativas, e não me venham dizer que os patrocinadores arcam com as despesas, porquanto isso é conversa pra bois dormirem. Os gastos com patrocínio são suplantados com as receitas, pois ninguém investe nada sem visar ao lucro em lugar nenhum do mundo. O interessante é que o pobre gosta disso, como dizia o famoso mestre Joãozinho Trinta, das terras maranhenses, que brilhou nos carnavais cariocas.

O carnaval do Rio de Janeiro, por exemplo, poderia muito bem ser realizado sem o auxílio do governo, porquanto o faturamento da venda dos direitos de transmissão dos desfiles das escolas de samba ao vivo para o mundo inteiro é muito alto, isso afora as propagandas que surgem de produtos nacionais e estrangeiros, que valem uma fortuna. Também não me parece justo que o dinheiro público financie essas festividades ao invés de ser aplicado em atividades primordiais à vida, como saúde, segurança, educação e transporte.

Claro que é uma festa bonita, traz milhares de turistas estrangeiros ao país, os faturamentos das cidades aumentam e a entrada de dólares é muito boa para a economia local, disso não se tem dúvidas, embora os desfiles sejam meras repetições ano a ano, e tudo termina em samba. Até hoje não sei viu um balanço de escolas de samba dando conta do resultado financeiro alcançado no carnaval.

Se houvesse uma maneira de controlar o câmbio por parte do Banco Central seria muito bom para nossas reservas internacionais, todavia a maior parte da entrada de moeda estrangeira por pessoas físicas é cambiada no mercado paralelo, ou seja, por particulares, que ganham muito dinheiro nessas transações.

Então me lembro daquela música que foi sucesso num desses carnavais, que muito foi interpretada pela fenomenal cantora Simone: “Como será amanhã? Responda quem puder...”. E por aí vai.

 
Foto: Do carnaval de Olinda (PE) - Fonte: GOOGLE/INTERNET
 
Ansilgus
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 05/01/2017
Reeditado em 05/01/2017
Código do texto: T5872951
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.