Venda de sangue

Sou um homem ligado ao passado. Sem as recordações não vivo. Mas isso não significa que não me antene com o presente. Torço e rezo por um amanhã melhor para todos, principalmente para os jovens, embora a conjuntura demonstre que isso é um sonho impossível, mas acredito na interferência Divina e nos milagres que o homem é capaz de realizar com as próprias mãos e com a consciència cívica e o senso de justiça e rebeldia.

Mas o que eu desejo recordar aqui é algo do passado em Arcoverde, no fim dos anos 50 e começo dos 60, quando a medicina ainda engatinhava naquela cidade e o Hospital começava a realizar as primeiras cirurgias. Sempre se necessitava de transfusão de sangue e raras eram as pessoas que doavam um pouco de seu sangue. Então era preciso se recorrer a um sujeito bem fortão e vermelho que só um pimentão chamado Viana que, salvo engano, trabalhava no mercado público, ele tinha sangue universal e demais, mas havia um detalhe: dó doava sangue se lhe pagassem. Ora, se pagava, quando o doente era pobre faziam uma vaquinha e ele dava um desconto. Mercenário? Não sei, era apenas alguém ignorante num tempo atrasado no que concerne à cidadania. Mas a verdade é que o sangue pago de Viana salvou muitas vidas. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 05/01/2017
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