Retórica

– Hey, qual é o seu problema?

– O meu problema?

– Sim, o seu problema?

– E o que te faz achar que eu tenho algum problema?

– Ora essa, todo mundo tem problemas, por que você seria diferente?

– Pois justamente por isso, lhe digo que não há problema algum que seja meu.

– Como é?

– Veja bem. Ou um problema é grande demais e engloba à todos, sendo assim seria muito presunçoso chama-lo de meu problema; ou é tão pequeno (comparado à problemas gerais) que seria injusto e mesquinho da minha parte classificá-lo como um problema de verdade.

– Ai, o que há de errado com você?

– Por que errado comigo? Se algo está errado, está errado com tudo e todos. Taxar erros individuais só vai gerar marginalização e ferir nossa democracia. Aliás... Essa questão nem faz sentido uma vez que conceitos como certo e errado dependem basicamente de paradigmas culturais específicos e distintos. Tudo é relativo...

– Puta que pariu! Cale a boca, eu não gosto de quando você fica filosofando com qualquer coisa que eu te falo.

– Ah, mas isso já é um problema seu...