Pão de Queijo*
Pão de queijo como lanche está bom demais!
Espera lá! Se eu quero falar das coisas de Minas, o melhor seria começar a crônica com “Uai, tá bão dimais”.
Uma coisa puxa outra e me lembrei daquela prima que veio para a cidade aprender o corte e costura centesimal com minha irmã. Em meu ouvido infantil de caipira urbano estranhava a sua fala de caipira brejeira – permitam-me o reducionismo, é só para diferenciar uma coisa de outra. Ela dizia quando entregava algum objeto a alguém de casa: “istá” querendo dizer “aqui está!”
Mas esta volta toda é para falar de duas cenas urbanas testemunhada em uma cidade mineira nestes primeiros dias do novo ano.
Saí do pilates – ao chegar para lá da meia idade sente-se a necessidade de esticar aquilo que a vida fez encolher senão encolhe-se definitivamente para sempre – resolvi mudar o itinerário para ver o horário de coletivo para a piscina do clube esportivo. Fui andando devagar e apreciando os novos estabelecimentos comerciais que se abriram nos últimos 15 anos onde havia só residências luxuosas com a existência até de um castelinho do conde ítalo.
Olhava as tantas mercadorias expostas e prestações de serviços ofertadas por aquelas lojas. Quando então se percebia que havia duas jovens mulheres conversando paradas às costas. Dialogavam-se ao seu modo de comadre:
- Uai, agora nóis tá morando lá no sítio...
-Ué, é mesmo! O que ocêis tão produzindo lá?
- Nóis tem uma vaca...
- E ela dá leite?
- Dá!
E este jeito lacônico, brejeiro atiçou minhas origens e jeito de mineiro. Senti-me em casa como se ouvisse a voz de familiares lá da fazenda que deu origem a toda uma família caipira. Não eram tão estranhas assim. Poderiam ter sido duas primas com seus cabelos presos e suas roupas brejeiras. Senti-me em casa e com uma felicidade ingênua e bairrista de identificação de iguais. E assim segui o caminho...
Cheguei ao ponto dos coletivos. Havia muitos populachos de todo nível social.
À frente do ponto coletivo novos prédios com novos estabelecimentos comerciais. A mente começou a devanear no antes e depois daquele espaço geográfico.
Nisto o pensamento foi interrompido por uma senhora que queria informações sobre o coletivo que a levaria ao hospital regional. E aí começou os “Causos”:
Ela ia lá pegar as chapas (raios-X, abreugrafia) da nora que estava doente. Os filhos e os genros não podiam porque estavam nas estufas: o calor provocou o amadurecimento rápido demais dos morangos, amoras, lichias, pimentões, tomates... e as noras estavam preparando o angu, couve, linguiças e quitandas para os trabalhadores, lavando roupa e arrumando a casa. E só ela podia vir à cidade para esta missão.
Nisto o coletivo da camponesa chegou e eu segui meu caminho. A conclusão foi: “Isto é bão dimais como pão de queijo que só Minas faz!”
É tão bom que só um mineirão como eu para sair da academia nas primeiras horas nesta manhã de verão passar na lanchonete e pedir, para se refrescar, um copo grande de leite gelado e um pão de queijo quentinho feito na hora.
O título desta crônica bem podia ser em minerês: "pandiqueje".
Pão de queijo como lanche está bom demais!
Espera lá! Se eu quero falar das coisas de Minas, o melhor seria começar a crônica com “Uai, tá bão dimais”.
Uma coisa puxa outra e me lembrei daquela prima que veio para a cidade aprender o corte e costura centesimal com minha irmã. Em meu ouvido infantil de caipira urbano estranhava a sua fala de caipira brejeira – permitam-me o reducionismo, é só para diferenciar uma coisa de outra. Ela dizia quando entregava algum objeto a alguém de casa: “istá” querendo dizer “aqui está!”
Mas esta volta toda é para falar de duas cenas urbanas testemunhada em uma cidade mineira nestes primeiros dias do novo ano.
Saí do pilates – ao chegar para lá da meia idade sente-se a necessidade de esticar aquilo que a vida fez encolher senão encolhe-se definitivamente para sempre – resolvi mudar o itinerário para ver o horário de coletivo para a piscina do clube esportivo. Fui andando devagar e apreciando os novos estabelecimentos comerciais que se abriram nos últimos 15 anos onde havia só residências luxuosas com a existência até de um castelinho do conde ítalo.
Olhava as tantas mercadorias expostas e prestações de serviços ofertadas por aquelas lojas. Quando então se percebia que havia duas jovens mulheres conversando paradas às costas. Dialogavam-se ao seu modo de comadre:
- Uai, agora nóis tá morando lá no sítio...
-Ué, é mesmo! O que ocêis tão produzindo lá?
- Nóis tem uma vaca...
- E ela dá leite?
- Dá!
E este jeito lacônico, brejeiro atiçou minhas origens e jeito de mineiro. Senti-me em casa como se ouvisse a voz de familiares lá da fazenda que deu origem a toda uma família caipira. Não eram tão estranhas assim. Poderiam ter sido duas primas com seus cabelos presos e suas roupas brejeiras. Senti-me em casa e com uma felicidade ingênua e bairrista de identificação de iguais. E assim segui o caminho...
Cheguei ao ponto dos coletivos. Havia muitos populachos de todo nível social.
À frente do ponto coletivo novos prédios com novos estabelecimentos comerciais. A mente começou a devanear no antes e depois daquele espaço geográfico.
Nisto o pensamento foi interrompido por uma senhora que queria informações sobre o coletivo que a levaria ao hospital regional. E aí começou os “Causos”:
Ela ia lá pegar as chapas (raios-X, abreugrafia) da nora que estava doente. Os filhos e os genros não podiam porque estavam nas estufas: o calor provocou o amadurecimento rápido demais dos morangos, amoras, lichias, pimentões, tomates... e as noras estavam preparando o angu, couve, linguiças e quitandas para os trabalhadores, lavando roupa e arrumando a casa. E só ela podia vir à cidade para esta missão.
Nisto o coletivo da camponesa chegou e eu segui meu caminho. A conclusão foi: “Isto é bão dimais como pão de queijo que só Minas faz!”
É tão bom que só um mineirão como eu para sair da academia nas primeiras horas nesta manhã de verão passar na lanchonete e pedir, para se refrescar, um copo grande de leite gelado e um pão de queijo quentinho feito na hora.
O título desta crônica bem podia ser em minerês: "pandiqueje".
* Meu amigo Dartagnan Ferraz irá ler esta crônica e ficar com muita vontade – risos risos risos
Leonardo Lisbôa
Barbacena, 04/01/2017.
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