Covardia e omissão

Detesto arrancos de valentia. É só teatro chinfrin, fita quebrada e o repulsivo amostramento. Coragem é algo diferente. Coragem é ser cidadão digno, em tempo integral, sem ser conivente com as injustiças. É discordar e protestar contra qualquer arbitrariedade, prepotência ou violência praticadas contra quem quer que seja. Coragem é a prática constante da solidariedade e da discordância contra as injustiças, partam de onde partirem, até porque a arbitrariedade e a prepotência são multicores. Não são exclusividade de um só partido ou grupo social.

Vivemos uma época de maravilhas no campo científico, mas de retrocesso no tocante ao caràter das pessoas e nas relações humanas. Hoje se faz concessão demais aos podres poderes e aos mais ricos. E a maioria é teleguiada por uma mídia parcial, tendenciosa e venal. Infelizmente. Todos que assumem o poder, disse todos, ficam subservientes e aos poderosos das finanças, inclusive do estrangeiro. É uma época de avanços gigantes, principalmente na tecnologia, mas, repito, de regresso no que tange ao caráter das pessoas e de sumento da violência e exclusão social. E é impressionante a covardia e omissão. Unamuno dizia: "Há momentos que silenciar é mentir". E como estão mentindo! É algo muito triste.

Sobre a covardia e omissão, vale transcrever o que disse o pastor luterano, Martin Niemoller sobre as violências do nazismo, cai como uma luva para advertir a massa de "remediados" que estão sendo omissos e covardes ante as injustiças atuais:

"Um dia vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia vieram e me levaram; não havia ninguém para reclamar".

Acho que precisamos refletir. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 04/01/2017
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