WAGNER RIBEIRO E A NINFA

Wagner Ribeiro foi levado pelas musas, foi morar no Olimpo com os deuses dos seus versos, foi ouvir os cânticos dos anjos pelas paragens celestiais. Não estou dizendo isto metaforicamente, não o afirmo com base em espiritualidade, mas em poeticidade. A poesia é uma religião distinta e bela, pura e sobranceira. A cada publicação de suas coroas de sonetos, uma arte para privilegiados, o vate me presenteava. Da última vez que me presenteou foi com A ninfa e o pastor. A ninfa, estava próxima de Wagner, preparava-se para levar o seu pastor só para ela. Era preciso, pois pastores de ninfas não morrem e nem falecem, eles são levados por aquelas “de rara formosura e fino gosto”. O primeiro soneto de uma coroa usa o último verso do último terceto para ser o primeiro do quarteto do segundo soneto, e assim por diante até que, no encerramento, no 15º soneto, ali estejam ajuntados todos os últimos versos de cada último terceto dos 14 sonetos de toda a obra. Ah, sim, é difícil de entender, mas Wagner entendia, e como e quanto entendia! Pastor de ninfas, quando enviei uma mensagem para você comunicando que recebera sua obra e que logo sobre ela me manifestaria, eu não imaginava que ela, a ninfa, o levaria pelas finas mãos de finos dedos...ela ganhou, ganhou você de mim, de todos os que aqui ficaremos saudosos de suas coroas de sonetos. Sei que você não quer essas coroas fatalistas de despedidas, sei bem que não gosta delas, que pena, poeta, eu não saberia tecer uma coroa em sua homenagem. Aliás, a ninfa até poderia ciumar e sorrir com alguma ironia sobre a minha incapacidade de tecer coroas de sonetos. Ela agora é feliz, “vivendo o doce idílio”. O amor venceu, vence sempre, Wagner: “Não lhe fujas, e vive o ingente fado, / Segue o caminho que te foi traçado. / Pensa no brilho dos teus esponsais”.