Medos ao vento.

Pensei em correr sem explicações, ou correr apenas para não encontrar vestígios do tempo que passou e que me fez desistir de estar ao seu lado. Por medo de resgatar a simplicidade de uma esperança que jamais morreu, porém, esperança que adormeceu em cada lágrima que verteu de meu olhar, que floresceu em silêncio no menino escondido, que apenas amadureceu no interior de um longo e distante mar de medo.

Busquei respostas, e a cada prelúdio que anunciava sua presença, um derramar de incertezas se lançava no enlouquecer de uma alma retraída e embriagada pela imagem de seu sorriso. De sua existência, condicionada a um mundo que não criei, mas que me permitiu caminhar e viver sem sonhos debutantes, sem loucuras insanas ou decretos que me obrigassem a morrer.

Quero voltar no tempo, viajar nos momentos em que seu olhar atravessou meu caminho. Retroceder ao instante em que a brisa suave do entardecer de uma primavera, trouxe o perfume suave que à acompanhava. Não quero que o tempo pare, quero apenas não parar no tempo e lançar ao vento a oportunidade de alcançar sua presença. Presença que foi ofuscada quando o medo e a insegurança que encarcerava minha alma, sujeitou o desejo de estar ao seu lado, a inação de não ser reconhecido pelo destino que a mimoseou.

Não quero sonhar o que não posso aliar a minha inocência, quero apenas enternecer a imagem acanhada que se apodera e enfraquece o mortal que se apresentou diante da amásia da vida. Sua sombra me atordoa o coração e sua real existência me permite lutar por uma nova oportunidade de alcançar a audácia que me falta.

A almejo, como a mais singela flor almeja a relva da madrugada e assim não me permito perder a quem não pode ser perdida, não me permito esquecer a quem não pode ser esquecida. A almejo como quem assiste a um filme de amor e se permite emocionar com um beijo apaixonado.

Que o tempo não me acuse de uma quimera que não me pertence, mas que o tempo possa entender, que por mil vidas a procurarei sem sessar. Que enfrentarei as armadilhas do tempo sem perder o rumo que a estrada da vida me oferece. Que me desculpe os sonhadores, mas não irei sonhar até que à encontre em minha estrada, até que seu olhar seja a virtude que me levará a um novo destino ao seu lado.

Cristiano Stankus
Enviado por Cristiano Stankus em 01/01/2017
Reeditado em 04/06/2017
Código do texto: T5869396
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