ALMOFALA
Neste final de semana tivemos o privilegio de visitar a tão afamada praia da Almofala. Almofala dos Tremembé, como disse em seu poema o poeta e meu ex-professor, Jose Silvanovo. Apesar do progresso que já experimenta, com ruas calçamentadas, escola e estrada asfaltada, Almofala ainda é uma praia rústica e deserta. Sem mansões ou os famosos loteamentos imobiliários, é ainda uma praia de extensos coqueirais.
E como ficou perto. Saímos de gol sem muita pressa e com uma hora de viagem, sem forçar o acelerador, já estávamos diante de tão belos coqueiros gigantes e abundantes. O povo estava sentado nas calçadas vendo o sol se pôr diante de uma brisa agradabilíssima.
Pernoitamos.
Na manhã seguinte, domingo, saímos para conhecer de perto duas obras magníficas.
A primeira foi à famosa igreja de Nossa Senhora da Conceição, aquela que ficou soterrada durante cem anos por uma duna gigante. Aliás, desta não vi o menor sinal. Quanto à igreja, num barroco típico, alva como a bruma, mostrou-me ainda um pouco de cascalho na soleira da porta principal. Pareceu-me uma cicatriz deixada por aqueles cem anos envolta naquele mundo de areia.
Segundo dona Aldenora, nativa que nos acolheu bondosamente, as missas e a demais atividades do culto católico estão ocorrendo numa outra igreja.
- Na de São José, porque esta a Polícia Federal fechou! A pequena igreja barroca em forma de cruz é tombada pelo patrimônio histórico nacional e foi lacrada após o roubo das imagens ocorrido há alguns meses.
- E quanto ao ladrão?
- Tem lá quem saiba, nem onde foi parar!
A outra curiosidade foi a estação local do projeto Tamar, que em várias localidades da costa brasileira desenvolve um importante trabalho de preservação das tartarugas marinhas. Aqui foi a vez da Marli se deliciar.
A unidade conta com um bom serviço de atendimento ao turista: local de venda de souvenir, um museu com várias amostras das espécies aruanã ou tartaruga verde, tartaruga de pente, tartaruga de couro, a cabeçuda e a conhecida tartaruga branca, a menorzinha.
Cascos, crânios e filhotes e ainda ovos em conserva de formol; fotografias e mapas fazem parte do acervo, assim como réplicas em resina, além de uma equipe de jovens com as informações na ponta da língua para tirar qualquer dúvida do visitante. Mas, o que mais agrada são os filhotes de cerca de 10 anos, ainda sem sexo definido e pesando em torno de quinze quilos, nadando docilmente em tanques de águas límpidas.
- Papai, eu peguei na nadadeira de uma delas! Marli estava radiante.
Não fora uma pequena atolada que o Mateus deu com o Gol na areia fofa o passeio teria ocorrido sem nenhum incidente.
No momento, ao lembrar tão bom e inesquecível passeio, só uma dúvida: até quando Almofala se manterá tão pacata e limpa de dar saudade a quem lhe visita?
Em 20 de dezembro de 2006.