ESTAÇÃO ANO NOVO
São os últimos momentos do Ano Velho. O trem da vida acabou de chegar. Numa manobra rápida há uma mudança nos painéis de informações, tudo automaticamente. Um painel luminoso e pulsante lembra que a próxima viagem levará em suas oito mil setecentos e sessenta horas, trezentos e sessenta e cinco dias, numa sequência ininterrupta, sem escala, sem nenhuma possibilidade de retorno. Uma comunicação em som bem claro e abrangente a todas dependências da estação alerta: “Senhores passageiros da viagem anterior, bem como, aos recém chegados a este mundo, não há mais tempo para coisa alguma, partiremos neste momento”. Aos estouros dos espumantes, a algazarra festiva, os arroubos de felicidades, o pipocar de fogos de artifícios, promessas, juras, abraços e beijos, os passageiros não se dão conta de que a viagem já começou. São os primeiros movimentos do trem da vida que acabou de partir da Estação Ano Novo.