CHAMAS

Uma chama... vermelha, laranja, com leves tons azulados e gelada. Essa chama que parece surgir por detrás do meu umbigo e se espalhar para cima e para baixo. Às vezes a chama enfraquece, até quase se apagar - acho que já chegou a se apagar em algum momento - mas tem vezes que se intensifica. Como hoje, por exemplo, que cresceu e a adrenalina gelada fez minhas mãos tremerem.

Essa chama consome algo que guardarei como segredo. Ver o combustível é visão do paraíso. Tem vezes que vira oásis, mas tem vezes que queima até virar cinzas. Hoje não chegou a virar cinzas, quem sabe amanhã. Podem me perguntar o motivo disso, não sei explicar. É impossível explicar. Podem até perguntar porque essa chama, às vezes, se comporta de modo tão irresponsável e destemida sendo que eu tenho o combustível em casa. Isso posso explicar: o combustível que tenho em casa é fraco, como se fosse diluído em água, mas muito água.

Há vários tipos de combustível que alimenta minha chama. Na verdade não. Há apenas um tipo de combustível, mas há várias categorias ou classificações desse combustível. Alguns realmente não são inflamáveis... o de hoje foi muito inflamável, há alguns mais inflamáveis que o de hoje, mas foi loucamente bom; do tipo que eu deixo as chamas me consumirem. (Os que são extremamente inflamáveis são tão perigosos quanto, e tudo o que é exagerado não me agrada)

Castelos pegam fogo, reis pegam fogo. Viva o castelo e vida longa ao rei.