Sincerocídio.

Ando muito preocupada.

Me disseram que 2017 será o ano da sinceridade.

Imagine uma pessoa que ofende alguém por dizer o que pensa...

Pois é, sempre sofri disso. Alguns anos atrás eram tidos pela sociedade em geral, como excelentes as pessoas sinceras, mas hoje, a pessoa tem que ser o tal da “politicamente correta”, e isso inclui uma gama de coisas que nem sempre eu consigo me calar.

Os conhecidos já se afastam, com medo, não de mim, mas do que eu possa falar com alguém não muito íntimo.

Me pego escolhendo palavras para não “ofender” ninguém em uma reunião social.

Putz! Desculpem, mas não poder falar sobre nada em profundidade é chato pacas.

Não poder falar para ninguém que aquela super-hiper-malhação regada com esteroides deixou a pessoa horrível é péssimo e, além disso, acho até falta de responsabilidade, já que ninguém terá coragem pra falar e a pessoa, se não for atleta de uma das modalidades que exigem músculos aparentes, tipo fisiculturismo, provavelmente irá sofrer danos futuros...

O único canal onde posso falar o que penso ultimamente é o Recanto, pois penso que se vocês não gostarem de minha sinceridade rasgante, sequer poderão me excluir. Podem até fazer um comentário dizendo o quão chata é minha escrita, nunca aconteceu, acho até que vocês estão na categoria dos politicamente corretos, se gostam falam, se não gostam calam-se.

O país está chato, as pessoas não podem mais se manifestar, não digo politicamente (direita /esquerda) – as duas vertentes, está claro, vão às ruas gritar suas ideias sempre. Acho lindo.

Mas se manifestar sobre assuntos banais, perguntar coisas, bobas – tipo o que te levou a ter este tipo de cabelo?

Ou: fazer tantas tatuagens não te deixa excluído de um emprego futuro?.

Sei lá, coisas que passamos a ser tolhidos, e ao ser assim, deixamos de conhecer muitas coisas, lados de uma sociedade, de colegas, enfim, ficamos mais toscos.

Nesse ritmo, parece pelo menos a mim que sou curiosa, que estamos perdendo oportunidades de conhecer outros lados, simplesmente por ficar o tempo todo com medo da comunicação ao vivo e só enxergarmos o celular.

Talvez isso nos leve a radicalismos extremos, e independente de minha posição política (hoje ainda direita capitalista), quero conhecer outras formas de pensar, e principalmente o que levou aquela pessoa a pensar daquele modo.

Quero o direito de debater, de conhecer outros pontos de vista, de saber mesmo.

Mas no momento estou sendo compelida a ser mais uma na multidão com um celular e ignorando todas as formas simples de conhecimento, olá, e uma pergunta!

Este ano talvez eu morra de sincerocídio social.

Cinthya Fraga
Enviado por Cinthya Fraga em 30/12/2016
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