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Hoje decidi escrever cedo, à noite não está propícia a uma poesia, e de já eu peço desculpas pelas minhas idiossincrasias, e vicissitudes, me leiam, mas não esperem que eu mude, e não venham a mim com um sentimento de pena, eu não tenho à alma pequena, apesar de não ser um cara demasiadamente grande.

Na estante da minha mente os pensamentos se sobrepõe um ao outro, um plexo de pensamentos, de todos os modos e intensidades, alguns até sugerem que eu seja um covarde, por não escrever o que insiste em escorrer pela pena, a mais pura certeza, é que falta-me caneta, sem sucesso tentei até ficar calado, mas tem a minha frente um teclado, até parece que devo cumprir como um condenado essa sentença, escreve disse um desencarnado, ou quem sabe seja o eco dos pensamentos, mas tudo me é falho e sem efeito, acredito que seja essa à consequência da solidão.

Não consigo volver da caverna que decidi explorar, quis ficar sozinho, precisava me ouvir e por isso não estou a reclamar, mas é que dentro de mim não há luz, e se há, está apagada, não era de fadas o conto, eu não o escrevi. Inocentemente cometi um crime, furtei e escrevi tudo de bom que vir em quem nunca irá me ler, e por isso fui condenado, uma sentença declaratória me julgou, definiu de imbecil e ultrapassado, e agora eu explico por que sou covarde, pois não vislumbro à possibilidade de recorrer, me contento com o esquecimento e a obrigação de esquecer.

Então eu decidi ficar sozinho e calado, é que assim eu pensei que conseguisse ser deveras o poeta, sufocado é claro, mas poeta e dramático, porém, poeta, e calado, mas poeta, e infantil, mas poeta, e imaturo, mas poeta e calado e poeta e infantil e imaturo e inseguro e árcade e covarde, e sensível demais, apostam até que sou alguém que chora, mas eu não consigo e por isso escrevo, logo meus versos são lágrimas, futuras, presentes e passadas.

Confesso que não sei o que são estas palavras, talvez sejam mesmo lágrimas, ou quem sabe o que faltava para essa crônica mal contada devido à ausência de luz ou quem acenda...

Uil

Elisérgio Nunes
Enviado por Elisérgio Nunes em 29/12/2016
Reeditado em 31/12/2016
Código do texto: T5866203
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