O ADEUS DA VELHA TÁBUA (29/12/2016)

Por Gecílio Souza

Uma tábua medindo 2 km e 16 metros de extensão, de face superior irregular, movia-se lentamente, ziguezagueando para a frente, pois intensas e fortes tempestades dificultavam o seu avanço. Marcada com 12 grandes saliências, 7 das quais com 31 orifícios; 4 delas com 30 orifícios, e 1 com 28 orifícios. Versátil, flexível e transitória, a tábua abriga bilhões de seres sencientes e seres não sencientes, entre os quais um elevado quociente é negativamente impactado pela instabilidade da lâmina de madeira, que é efêmera e muito em breve fará parte do passado. Tábua ou lâmina de madeira indefinida, viu jorrar sangue por todos os orifícios de suas saliências. Sangue de muitos seres sencientes, radicados principalmente ao Sul da tábua, atingidos por morteiros e outros lançados por alguns dos próprios seres sencientes que resolveram, deliberadamente, ludibriar os demais. Para isso, unilateralmente alteraram as convenções consensuadas democraticamente por todos, utilizando-as em causa própria de um grupo restrito e notoriamente ilegítimo. O jogo da trapaça, da traição, da espetacularização do ridículo, da infâmia e da ridicularização dos valores sencientes, encharcou a tabua. Inchada e apodrecida, chega ao fim do trajeto infectando muitos seres sencientes com vírus, bactérias e fungos que corróem silenciosamente a estrutura de suas almas. Antes de pisarmos numa nova tábua, seria prudente descartarmos os antigos sapatos, as velhas roupas e as velhas manias de nos acostumarmos com o cheiro do sangue vertido pelos nossos convivas sencientes. Até nunca mais, saudosa tábua chamada 2016!!

Oiliceg
Enviado por Oiliceg em 29/12/2016
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