Cativa-me, mas não me prenda
Muitas foram as vezes que as pessoas me perguntavam: "porque você se permite?" Por um longo tempo eu não compreendia o porque me de sentir presa, agarrada, enraizada a um sentimento, ou a alguém que me feria tanto, me magoava, constantemente. E eu estática, imóvel , paralisei permanece muda. Até o momento em que tomei coragem e assumi o controlo dos meus pensamentos. Da forma que me cabia impus meus sentimentos e direitos, doesse a quem doesse. Criticada, fui, com todo o prazer, porque as minhas dilacerações nem sempre eram visíveis, mas inúmeros cortes invisíveis rasgavam minha carne do amanhecer ao anoitecer. E quantas mulheres ainda envoltas em correntes imaginárias presas continuam? Mas eu consegui após anos de lutas insistentes e dolorosas eu consegui todas nós podemos. Acordei e percebi que não existem ninguém superior a ninguém, estamos todos aqui aprendendo a viver uns com os outros, tudo é uma troca uma ajuda. Mas por muito tempo eu vivi um encantamento onde o outro era o ser supremo, perfeito e eu a errada, vazia, imperfeita e "estragada, ruim, defeituosa". É duro ouvir, mas nada melhor que a venda caída dos meus olhos. Difícil foi ter coragem de tirar a mordaça invisível e gritar calada. Minha voz não tem som, mas minhas palavras silenciosas são ensurdecedoras. Custei até conseguir me desprender e me desligar do outro. A simples ideia de desprendimento do outro era algo que me aterrorizava todos os dias. E a vantagem de uns é perceber os sentimentos e usar contra os demais. No começo eu tinha a pretensão de achar que eu poderia mudar as coisas e até as pessoas. Pura pretensão, ninguém muda ninguém a menos que esse alguém sinta a vontade própria de uma mudança. Eu mesma custei tanto para admitir e mudar, dar um basta em algo que começou tudo errado, e mesmo assim insisti porque tive a pretensão de dar conta do que realmente não podia. Mas perdi o medo e comecei a me importar e dar valor a mim mesma, assim o jogo virou. Senti a força resgatadora de mim e ressurgi forte e impetuosa. Aprimorei que há de melhor em mim com o sofrimento, abriu se um horizonte que estava sufocado, preso, amarrado, escondido. E tenho certeza de que a unica coisa que pode me parar é o amor, aquilo que me faz bem todos os dias. Não tenho mais tempo para nada que disperse minha energia com algo que não me transforma em ser melhor que ontem. Que todas as cativas se tornem invisíveis aos seus senhores até o momento de soltar as amarras.