A FACULDADE DE PENÁPOLIS
Lembro-me que lá pela década de setenta, fomos pedir à diretora da FAL sobre a possibilidade de implementar curso noturno. Ela respondeu negativamente, dizendo não querer rebaixar o nível de ensino.
Não nos restou senão recorrer à recém faculdade FUNEPE que recebia milhares de estudantes de toda a região. O vestibular era concorrido. De Lins várias peruas levavam os estudantes à tarde e à noite. Inclusive de Getulina.
O estudante de Letras, Ezequiel, aproveitava para auferir renda, fazendo também o transporte dos colegas. Ao iniciar a viagem, ele perguntou-me o nome. É muito difícil, disse. Você vai se chamar João. E João fiquei conhecido entre os universitários linenses, muitos deles já professores da rede estadual e colegas da minha esposa também professora. E diversas vezes, elas indagavam a esposa se ela não conhecia um japonês chamado João que trabalhava no BB. Ela respondia que não. Certo dia numa festa, elas ao me verem com a esposa, exclamaram: esse é o João.
Havia outro perueiro, já de idade. Seu Vicente. Ele ficava horas e horas à toa esperando o término das aulas. Aí começamos a tirar um sarro nele. –Por que o senhor não estuda também? Não é que ele fez os supletivos, ingressou no Curso de Matemática, se formou, prestou concurso e foi efetivado como professor, chegando a se aposentar no cargo?
Foi a época da ditadura. Diversos professores e alunos foram presos por ideologia política. Lembro-me da professora da Cultura Brasileira. Casada, com dois filhos. Foi presa várias vezes e teve que se asilar. Nunca mais soube dela.
Só duas colegas encontrei no FACE, após 43 anos: Elde Sussan, morando em Alphaville e Tânia Weber Gomes Neto, em São Paulo.