EXPEDICIONÁRIOS DO BRASIL, A GRANDE BATALHA!

Início da manhã. O batalhão em formação e pronto para a revista do seu comandante, as companhias de fuzileiros, comando, e de serviços, com seus pelotões distados no pátio, conforme padrão. As fileiras de soldados uniformemente perfilados, tendo à frente seus respectivos capitães. Após a devida apresentação, o corneteiro faz ressoar o toque de “descansar”. Silencio absoluto! Em atenção ao pronunciamento da ordem do dia pelo oficial de maior patente, ladeado por autoridades e ilustres convidados da região para aquela parada especial, esta, uma das mais significativas e singulares para os militares das forças armadas brasileiras, da tomada de Monte Castelo!

Verdadeira e comemorativa instrução militar sobre o brio de homens valorosos e de coragem, que saíram de sua terra com destino à Itália para unirem-se aos países aliados, cuja liderança era dos Estados Unidos. A tarefa, o combate ao nazi-fascismo ,um inimigo muito poderoso e que tinha à frente a temida Alemanha. Esses homens, deixando suas famílias e amigos, entraram na história e nos registros de grandes feitos por seus atos de bravura na segunda guerra mundial. Durante os quase oito meses que por lá estiveram em frontes de luta e sucessivas batalhas, foi forjada, a duras penas, a fibra daqueles soldados brasileiros, numa missão que parecia “inglória”, mas não para A Força Expedicionária Brasileira. Com seus destemidos guerreiros, sob o comando de experientes líderes militares, esses homens se empenharam num combate audaz para garantir um futuro de paz e liberdade aos povos em guerra, onde matar ou morrer era a regra, mas para eles o objetivo era vencer.

Para ajudar a conter o avanço das forças alemãs em direção à França, coube ao exército brasileiro à incumbência de conquistar alguns pontos elevados e relevantes na estratégia da guerra, principalmente o de Monte Castelo, situado numa grande extensão de terra, que incluía a cadeia de montanhas dos Alpes Apeninos, onde fora, teórica e taticamente, construída uma série de linhas de defesas inimigas, conhecida como “Linha Gótica”, principal base e último reduto do exercito germânico. Ali se concentravam muitos e privilegiados postos de observação com inúmeros pontos de fortificação, grandes trincheiras, guaridas de metralhadoras e casamatas, estrategicamente colocadas no intuito de rechaçar o avanço das tropas aliadas. Defender a todo custo esse território, impedido o avanço dos exércitos de coalizão até a cidade de Bolonha que, para estes, poderia significar a definição da guerra.

Os destemidos soldados combateram numa situação de grandes adversidades: o inverno impiedoso da região e o clima inimaginável submeteram nossos heróis a densas nevascas, terrenos íngremes e temperaturas abaixo de zero... Tais condições, inóspitas ao extremo, enlameavam os terrenos, onde até os blindados, conseguiam avançar com muitas dificuldades. Após várias tentativas e sem muito sucesso, mas com muitas baixas, em Novembro de 1944, perseverantes eles permaneceram recuados no campo de batalha por mais de dois meses. Em Fevereiro, no final do inverno retomaram a ofensiva, motivados pela nova estratégia da “Operação Encore” sugerida por uns dos nossos generais, três batalhões brasileiros, com apoio de bombardeios aéreos e uma intensa artilharia, obtiveram êxito na mais difícil missão. No dia 21 de Fevereiro de 1945, com a chegada ao cume e consequente tomada de Monte Castelo, o exército alcançara a vitória sobre os seus rivais.

Neste momento, os militares atentos ao entusiasta discurso permaneciam inertes em seus lugares. Porém, no meio de uma das fileiras, um peito ardia em chamas de emoção. Ao ouvir as palavras do comandante que exaltava a épica vitória brasileira, o soldado lembrou-se das histórias de seu avô, contadas por seu pai, sobre as agruras do exército em solo europeu. Aquele soldado, quebrando a imobilidade peculiar numa formação de ordem unida, passa a mão sobre os olhos e tenta limpar a visão embaçada pelas lágrimas que insistiam em rolar pelo seu rosto...

É que ele imaginava ver ao lado dos “pracinhas”, ex-combatentes homenageados, aquele vulto tão conhecido do álbum de fotos da família, que fora mais um entre os muitos que tombaram na grande batalha em defesa do sonho de liberdade, frente ao inimigo germânico e o avanço do ideal nazista de domínio e de opressão que a História fez registro.

Mariano Silva
Enviado por Mariano Silva em 26/12/2016
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