Os Estudantes
Os estudantes vão chegando e se aglomerando em frente ao portão da escola. Pelos cabelos, pelas roupas e pelas conversas, percebe-se que os grupos se formam por afinidades: os cabeludos de camisas pretas curtem um som pesado. Outro grupo discute animado o futebol, a queda do Atlético para a segunda divisão, contam piadas. Outro grupo fala de mulheres, carros, corridas, consumo; outro grupo discute o hep, o hip hop, enquanto um outro de garotas conversam animadamente, longe dos rapazes. Alguns jovens vêm direto do trabalho para a escola. Ralaram o dia todo. Nestes tempos neoliberais de emprego escasso, buscam aprimorar seus conhecimentos a fim de garantir uma vaga no mercado de trabalho. Outro grupo debate a qualidade do ensino: estão organizando o grêmio da escola. Alguns estudantes se isolam em silêncio enigmático e alguns tecem comentários irônicos:
- Tem professor legal, “véi”, mas alguns são vingativos, quando não vão com a sua cara só pensam em reprová-lo, não conversam.
- Culpa dos políticos, cara, eles não estão nem aí para a educação. Professor tá na maior pindaíba!
- O professor de História é legal, conta histórias.
- O de Matemático pega no pé, tudo tem de ser exato.
- O de Química vive fazendo experiências e a de Geografia viaja nos mapas, mano.
- Ah, mas a professora de Português adora uma dissertação!
- É isso aí, “véi”, já o de Inglês é light, mas ele é mesmo um tremendo de um chato.
Soa o sinal. Abre-se o portão da escola. Empurrados ou voluntariamente os estudantes entram nas salas de aulas. Contudo quando será realmente um prazer ir à escola, tanto para o professor, quanto para o aluno?
Do livro: Crônicas do Cotidiano Popular – ed. do autor – 2006. Escrita em 1995.
No ar meu último lançamento: A Moça do Violoncelo (contos de suspense) e Estrelas (poesias). Dois em um.
Os estudantes vão chegando e se aglomerando em frente ao portão da escola. Pelos cabelos, pelas roupas e pelas conversas, percebe-se que os grupos se formam por afinidades: os cabeludos de camisas pretas curtem um som pesado. Outro grupo discute animado o futebol, a queda do Atlético para a segunda divisão, contam piadas. Outro grupo fala de mulheres, carros, corridas, consumo; outro grupo discute o hep, o hip hop, enquanto um outro de garotas conversam animadamente, longe dos rapazes. Alguns jovens vêm direto do trabalho para a escola. Ralaram o dia todo. Nestes tempos neoliberais de emprego escasso, buscam aprimorar seus conhecimentos a fim de garantir uma vaga no mercado de trabalho. Outro grupo debate a qualidade do ensino: estão organizando o grêmio da escola. Alguns estudantes se isolam em silêncio enigmático e alguns tecem comentários irônicos:
- Tem professor legal, “véi”, mas alguns são vingativos, quando não vão com a sua cara só pensam em reprová-lo, não conversam.
- Culpa dos políticos, cara, eles não estão nem aí para a educação. Professor tá na maior pindaíba!
- O professor de História é legal, conta histórias.
- O de Matemático pega no pé, tudo tem de ser exato.
- O de Química vive fazendo experiências e a de Geografia viaja nos mapas, mano.
- Ah, mas a professora de Português adora uma dissertação!
- É isso aí, “véi”, já o de Inglês é light, mas ele é mesmo um tremendo de um chato.
Soa o sinal. Abre-se o portão da escola. Empurrados ou voluntariamente os estudantes entram nas salas de aulas. Contudo quando será realmente um prazer ir à escola, tanto para o professor, quanto para o aluno?
Do livro: Crônicas do Cotidiano Popular – ed. do autor – 2006. Escrita em 1995.
No ar meu último lançamento: A Moça do Violoncelo (contos de suspense) e Estrelas (poesias). Dois em um.