Um passo de cada vez...

Sabe aquelas frases do tipo: “o primeiro beijo a gente nunca esquece” ou “o primeiro vídeo game” “ou a primeira vez que andou de bicicleta?” enfim.... Engraçado é que ninguém se lembra da primeira vez que deu seus primeiros passos. Mas é claro! Porque como dizem os especialistas, nos primeiros anos de vida temos a chamada: Amnésia infantil.

Ironia do destino ou não, eu me sinto uma garota de sorte por me lembrar de como é dar os primeiros passos. Como muitos sabem, fiquei quase 3 meses sem colocar o pé no chão após fraturar dois ossos da perna. Primeiro foi estranho não poder colocá-lo no chão, já que o natural todas as vezes que alguém levantava da cama é por os pés no chinelo e ir até o banheiro esvaziar a bexiga. Agora o estranho para mim era colocá-los novamente no chão sem o apoio da “tal” muleta...

Na minha ultima visita ao médico, ele pediu para que eu ficasse em pé, segurou minha mão e pediu para que eu desse um passo junto com ele. Oi??! Tá maluco?? Como assim dar um passo?? Eu não sei mais como se faz isso não...

Naquele momento foi como se tivesse voltado no tempo, eu tinha um pouco mais de 1 ano novamente e estava com um medo enorme de cair no chão. E a sensação era muito estranha, o médico fazia festinha igual os nossos pais fizeram quando a gente deu 3 passinhos até chegar ao encontro deles. É um misto de estranheza com felicidade e vergonha. Sim, vergonha de não conseguir fazer algo que é tão obvio e que você nunca mais esquece como fazer.

Sei que hoje estou dando passos largos e cada dia melhor, mesmo que ainda mancando. Confesso que ainda me pego olhando para as pessoas e sinto como se elas estivessem me observando, pelo simples fato de que também estou andando. Não é bobo isso?!

Sei que nunca mais darei um passo em falso, porque agora observo cada degrau que subo ou desço, cada vez que aperto a embreagem do carro, e todas as vezes que levanto da cama e tenho a certeza que posso colocar o pé no chão sem cair.

Ah! Se todos soubessem dar valor em coisas tão banais como ter mãos por exemplo para segurar um presente atrás do corpo, ter olhos para enxergar a reação de surpresa da pessoa e ao mesmo tempo pronunciar palavras que saem da sua boca e não menos importante ter ouvidos para escutar o que ela tem a dizer de toda essa surpresa.

Ah, como a natureza é perfeita em sua essência e simplicidade!!

Enquanto vou dando um passo de cada vez, também vou observando cada pedacinho de mim que é tão perfeito...

Letícia Mendonça
Enviado por Letícia Mendonça em 26/12/2016
Código do texto: T5863557
Classificação de conteúdo: seguro