Penúltima temporada!
Você é ótima, sabe colocar o teclado novo no PC da Praia. É porque não é difícil... é só colocar no orifício do antigo, que ficou com as teclas meladas de velhas.
Eu não estou melada, felizmente, só meio gasta e antiga. Sim!
E existem algumas rugas que nunca existiram.
Para sentir-me um pouco melhor, pois nem precisa ser muito, já que sempre estou mais ou menos bem, eu junto àquelas que nunca existiram, com as que existem agora, e com outras, que ainda virão se eu tiver sorte, faço a soma, a divisão por três etapas de vida e fico muito satisfeita com o resultado.
Mesmo porque não tem outro modo de conduzir o fato.
E repito meu usual, assíduo e continuado obrigada! Por acertar o buraco: por ter bom humor e por não deixar que definam que sou ignorante por não saber instalar o teclado; por implantar esta tecnologia interessante de avaliar o aparecimento de rugas na espécie humana e por inúmeras outras coisas...
É claro que este é um texto hilário.
Mas, pensando bem, nem tanto...
Você, que me lê, ou lerá, talvez, então, eu nem exista mais nesta vida (certamente estarei na outra, aguardando o meu tempo de Limbo, para, novamente voltar reencarnada), vai rir bastante. Ou vai chorar, não sei. Quem sabe de saudade do meu jeito, da minha maneira de ser. Poderá também, de outro modo, interpretar às minhas atitudes, dizer:
“Que bom que ela foi. Agora sim, poderemos fazer dela o que queremos, pois com ela viva isto nunca foi possível. Nunca!
Nem na infância.
Eu descia o rio, hoje canalizado, que existia na Rua Mariano Torres, com meu outrora magro e já meio comprido corpo mergulhado pela metade dentro da água.
A poluição não era tão nefasta, ao menos assim parecia. Ou não sabíamos sobre ela. Os jornais que meus pais liam e que aprendi a gostar de ler parece que não mencionavam isto como hoje ocorre. E não havia Internet, nem Google. Agora a gente só coloca algo, pessoa ou fato entre aspas e pronto. Aparece, depressa, o que é, quem é totalmente, ou o que ocorre.
Pois então! Minha mãe pensava sempre, nestas minhas peripécias, que eu brincava na casa de uma amiguinha, a Marlene, menor do que eu uns anos, um dos poucos lugares onde me era permitido ir brincar. Ela era minha conivente. Ficava em sua casa, esperando a minha volta, erguida em seu portão, por dentro. Quem sabe aflita, peço a ela tardias desculpas...
Meus companheiros de façanha eram o Ítalo, italianinho da segunda casa da Mariano Torres depois do cruzamento com Benjamim Constant, onde eu morava, na casa de número 170 e o Tonho, filho dos poloneses donos do Armazém da esquina (Benjamin Constant com Mariano Torres). Lá meus pais, vizinhos de lado desta casa, faziam suas compras, naquele tempo bonito onde a Caderneta era o único atestado moral de dívida mensal. Um pequeno caderno escolar, onde eram anotadas as compras que fazíamos, de um ordenado de meu pai a outro.
Que lindo, isto! A confiança, um valor inestimável, parece que ora meio extinto, se fazia pelo confronto à atitude das pessoas. Depois de alguns dias, se o pagamento era efetuado em relação ao que fora adquirido, de repente, só de repente, a pessoa passava a usufruir crédito, às vezes para toda a vida. Confiança, sim. Porque confiança ocorria apenas frente à palavra. A palavra!
Eu amava Dona Guena, mãe de Tonho e mulher de Seu Inácio, robusta, loura e adorável senhora, que me parecia idosa. Mas não era, a infância costuma agigantar idades e dimensões.
Tributo-lhe um dever de gratidão. Com ela aprendi a chamar o pão d´água, redondo, de Pão Bundinha...Cultura adquirida e que ainda hoje difundo com quem está por perto, sempre que encontro uma panificadora de alto nível que se predisponha a produzir este inesquecível estereótipo de básica alimentação...
O senhor Inácio, polonês, era o maior técnico em embrulhar dois quilos de arroz em um pacote onde só caberia um quilo. Ele o fazia com ajuda de pequena porção de papel que tornava circunferente com os dedos. O motivo era, obviamente, a economia do material necessário ao seu negócio. Era chamada de Venda. A Venda de seu Inácio. E o ia adequando, ao pacote, ágil, rápido, quase no limite do saco de um quilo, depressa, o conteúdo de dois quilos, ou, quem sabe, mais.
Dona Guena conversava com minha mãe pela janela de sua cozinha, que dava para nosso quintal. Ambas trocavam receitas e, não sei porque lembro tanto disto, molhos de macarrão. Algo mais ou menos esquisita, esta comunicação. Não sei quais eram as cláusulas que regiam a ocupação de espaço urbano pela Prefeitura Municipal da época. Ali, no entanto, nossa agradável casa de alvenaria, um pequenino sobrado, o primeiro que meu pai construiu em Curitiba (ainda existe, daria tudo para que voltasse a ser meu...) era destacado na rua, pois todo construído em alvenaria. As casas costumavam possuir apenas a frente neste material, como a dos nossos queridos e antigos vizinhos.
Obrigada, meu Deus. Por estar escrevendo em um novo teclado...por poder tê-lo comprado...por que tenho bom humor, mesmo às 09h00 da manhã. Por que estou no Litoral do Paraná, que é muito frio, mesmo no verão, mas mesmo assim é muito melhor que não existir, ... porque amo mesmo quem vive dizendo que a tecnologia atual não é assimilada pela minha compreensão...isto não corresponde à verdade, já que lido com controles remotos.
É verdade que necessito ler o Manual, o que dificilmente faço. Mas acabo acertando, depois de algum tempo.
Quando escrevo, meu nome é catarse...
Você é ótima, sabe colocar o teclado novo no PC da Praia. É porque não é difícil... é só colocar no orifício do antigo, que ficou com as teclas meladas de velhas.
Eu não estou melada, felizmente, só meio gasta e antiga. Sim!
E existem algumas rugas que nunca existiram.
Para sentir-me um pouco melhor, pois nem precisa ser muito, já que sempre estou mais ou menos bem, eu junto àquelas que nunca existiram, com as que existem agora, e com outras, que ainda virão se eu tiver sorte, faço a soma, a divisão por três etapas de vida e fico muito satisfeita com o resultado.
Mesmo porque não tem outro modo de conduzir o fato.
E repito meu usual, assíduo e continuado obrigada! Por acertar o buraco: por ter bom humor e por não deixar que definam que sou ignorante por não saber instalar o teclado; por implantar esta tecnologia interessante de avaliar o aparecimento de rugas na espécie humana e por inúmeras outras coisas...
É claro que este é um texto hilário.
Mas, pensando bem, nem tanto...
Você, que me lê, ou lerá, talvez, então, eu nem exista mais nesta vida (certamente estarei na outra, aguardando o meu tempo de Limbo, para, novamente voltar reencarnada), vai rir bastante. Ou vai chorar, não sei. Quem sabe de saudade do meu jeito, da minha maneira de ser. Poderá também, de outro modo, interpretar às minhas atitudes, dizer:
“Que bom que ela foi. Agora sim, poderemos fazer dela o que queremos, pois com ela viva isto nunca foi possível. Nunca!
Nem na infância.
Eu descia o rio, hoje canalizado, que existia na Rua Mariano Torres, com meu outrora magro e já meio comprido corpo mergulhado pela metade dentro da água.
A poluição não era tão nefasta, ao menos assim parecia. Ou não sabíamos sobre ela. Os jornais que meus pais liam e que aprendi a gostar de ler parece que não mencionavam isto como hoje ocorre. E não havia Internet, nem Google. Agora a gente só coloca algo, pessoa ou fato entre aspas e pronto. Aparece, depressa, o que é, quem é totalmente, ou o que ocorre.
Pois então! Minha mãe pensava sempre, nestas minhas peripécias, que eu brincava na casa de uma amiguinha, a Marlene, menor do que eu uns anos, um dos poucos lugares onde me era permitido ir brincar. Ela era minha conivente. Ficava em sua casa, esperando a minha volta, erguida em seu portão, por dentro. Quem sabe aflita, peço a ela tardias desculpas...
Meus companheiros de façanha eram o Ítalo, italianinho da segunda casa da Mariano Torres depois do cruzamento com Benjamim Constant, onde eu morava, na casa de número 170 e o Tonho, filho dos poloneses donos do Armazém da esquina (Benjamin Constant com Mariano Torres). Lá meus pais, vizinhos de lado desta casa, faziam suas compras, naquele tempo bonito onde a Caderneta era o único atestado moral de dívida mensal. Um pequeno caderno escolar, onde eram anotadas as compras que fazíamos, de um ordenado de meu pai a outro.
Que lindo, isto! A confiança, um valor inestimável, parece que ora meio extinto, se fazia pelo confronto à atitude das pessoas. Depois de alguns dias, se o pagamento era efetuado em relação ao que fora adquirido, de repente, só de repente, a pessoa passava a usufruir crédito, às vezes para toda a vida. Confiança, sim. Porque confiança ocorria apenas frente à palavra. A palavra!
Eu amava Dona Guena, mãe de Tonho e mulher de Seu Inácio, robusta, loura e adorável senhora, que me parecia idosa. Mas não era, a infância costuma agigantar idades e dimensões.
Tributo-lhe um dever de gratidão. Com ela aprendi a chamar o pão d´água, redondo, de Pão Bundinha...Cultura adquirida e que ainda hoje difundo com quem está por perto, sempre que encontro uma panificadora de alto nível que se predisponha a produzir este inesquecível estereótipo de básica alimentação...
O senhor Inácio, polonês, era o maior técnico em embrulhar dois quilos de arroz em um pacote onde só caberia um quilo. Ele o fazia com ajuda de pequena porção de papel que tornava circunferente com os dedos. O motivo era, obviamente, a economia do material necessário ao seu negócio. Era chamada de Venda. A Venda de seu Inácio. E o ia adequando, ao pacote, ágil, rápido, quase no limite do saco de um quilo, depressa, o conteúdo de dois quilos, ou, quem sabe, mais.
Dona Guena conversava com minha mãe pela janela de sua cozinha, que dava para nosso quintal. Ambas trocavam receitas e, não sei porque lembro tanto disto, molhos de macarrão. Algo mais ou menos esquisita, esta comunicação. Não sei quais eram as cláusulas que regiam a ocupação de espaço urbano pela Prefeitura Municipal da época. Ali, no entanto, nossa agradável casa de alvenaria, um pequenino sobrado, o primeiro que meu pai construiu em Curitiba (ainda existe, daria tudo para que voltasse a ser meu...) era destacado na rua, pois todo construído em alvenaria. As casas costumavam possuir apenas a frente neste material, como a dos nossos queridos e antigos vizinhos.
Obrigada, meu Deus. Por estar escrevendo em um novo teclado...por poder tê-lo comprado...por que tenho bom humor, mesmo às 09h00 da manhã. Por que estou no Litoral do Paraná, que é muito frio, mesmo no verão, mas mesmo assim é muito melhor que não existir, ... porque amo mesmo quem vive dizendo que a tecnologia atual não é assimilada pela minha compreensão...isto não corresponde à verdade, já que lido com controles remotos.
É verdade que necessito ler o Manual, o que dificilmente faço. Mas acabo acertando, depois de algum tempo.
Quando escrevo, meu nome é catarse...