A Síndrome de Estocolmo

Sem dúvida o dinossauro foi uma fase anterior; a sequência dos fatos me confunde um pouco, mas sei que houve um dilúvio, e alguns anjos depois, dizem que para os anjos o tempo conta-se obedecendo a outras escalas, que não as nossas, e finalmente apareceram as vesperais de domingo. Todos que escaparam da saga de Herodes, e alguns mais velhos, iam à vesperal aos domingos, onde a carruagem chefe (havia poucos carros, para se tomar um como chefe) era um filme, no qual o herói se dava bem, ainda que não beijasse a mocinha no final; ele partia e deixava para trás a donzela... morrendo de vontade.

A expectativa era toda voltada para o seriado que se seguia ao filme, onde o mocinho, na última cena da semana anterior, esteve na iminência de cair, com seu carro, em um precipício, ou uma arma lhe era apontada pelo vilão, e lá vinha o...CONTINUA NA PRÓXIMA SEMANA.

Todos sabiam, e eu também sabia, que o bem iria se dar bem, iria derrotar, e sobrepujar o mal; e o herói se jogava do carro no derradeiro instante, a bala do vilões engasgava, ou ele ficava sem bala; como os vilões eram displicentes, e nunca municiavam suas armas suficientemente para acabar c om o desafeto.

O tempo passou, a tecnologia avançou, os “do mal” evoluíram, e quase tomam o lugar dos “do bem”. Foi assim que a vida eterna começou para os inimigos públicos, que passaram a ser reconhecidos como longevos.

Determinados fora-da-lei se aproximaram tanto da plateia, que por vezes são aplaudidos e ganham torcida, em detrimento daquele que deveria ganhar a batalha. O Coringa é um exemplo clássico, na montagem do elenco para um filme do Batman, o Coringa ganha mais atenção que o próprio Batman, confesso aqui que eu até já torci pela Aranha Mecânica, em um filme; e essa torcida não teve nenhuma conotação sexual.

Bandidos sempre existiram, e sempre existirão, agora com caráter oficial, vacinados e protegidos por roteiros. É fundamental que vilões se apresentem, para que os super heróis vençam. Vamos continuar esperando, que no final da semana do nosso cotidiano, as vesperais não permitam que a munição dos bandidos venha abater mais um daqueles para quem devemos realmente torcer. Que a Síndrome de Estocolmo nunca nos faça simpáticos, aqueles contrariam nossos princípios

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 24/12/2016
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