CRÔNICA – Festa no céu – 24.12.2016
 
 
CRÔNICA – Festa no céu – 24.12.2016

 
 
Véspera do Natal. Alvoroço na porta de entrada, as filas estavam enormes. Numa delas, milhares de almas de camisetas vermelhas agitavam o ambiente de maneira frenética. Todas na ansiedade de verem a do ex-presidente Lula, que havia chegado à noite de ontem, e com ele todas as demais que pertenceram aos inocentes do mais profundo esquema de desvio de recursos do nosso país, seja da Lava-Jato, do Mensalão, enfim de todos os partidos, num colorido especial, que mais parecia com aqueles tradicionais pastoris de antigamente.
 
A Rede Globo, como sempre, divulgara em primeira mão as notícias pertinentes, não se sabendo como chegou a essa fonte oficial. É que o Lula resolvera fazer uma delação premiada, estritamente confidencial, na presença do Papa e dos demais membros representantes de todas as vertentes religiosas do país. Foi quando teve, pela primeira vez, a possibilidade de falar abertamente e para um público seleto como que ele e seus fiéis seguidores entraram para o mundo da corrupção avassaladora, que ultrapassa os limites do território brasileiro e alcança outros mundos mais civilizados.
 
E com a plateia recheada de milhares de cidadãos, do jeito que ele gosta, começou dizendo que tudo partiu de lições obtidas junto ao PSDB na época do governo do FHC, praticamente na fase das privatizações de estatais podres, que somente prejuízos causavam ao erário público, em detrimento dos pobres trabalhadores do país. E seu partido foi tomando gosto, pois se sabia fazer todas aquelas tramoias por que deixar que outros as fizessem. Feito aquele provérbio popular: “Matheus, primeiro os meus”. Também citou que para obter grande maioria no congresso houve por bem fazer aproximação com outros partidos de peso, especialmente o PMDB, que possuía verdadeiros caciques na arte de ludibriar a boa-fé dos brasileiros, haja vista a coligação que fizera o Governo da Dilma com essa sigla, de sorte a que o doutor Michel Temer (PMDB-SP), viesse a ser candidato à vice-presidência, garantindo assim uma expressiva vitória nos pleitos de 2010 e 2014. Aliás, segundo ele, o Temer foi o principal responsável pela decadência do governo de sua protegida e também pelo processo de impeachment, que culminou com o seu afastamento em definitivo do palácio, numa clara injustiça, tanto é assim que nem seus direitos políticos foram cassados por oito anos, como previsto em Lei, decisão dos mestres Renan Calheiros (PMDB-AL), e do doutor Ricardo Lewandowski, que era presidente do Supremo Tribunal Federal.
 
Ressalvara o então delator que muitos malfeitos foram cometidos sem que a cúpula do governo soubesse de nada, nunca autorizaram, e todo o dinheiro recebido foi devidamente contabilizado, constando da prestação de contas da campanha, tudo do conhecimento do Tribunal Superior Eleitoral. Disse que estava sendo perseguido pelo Juiz Sérgio Moro, e que amigos seus verdadeiros homens honestos, estavam recolhidos presos em Curitiba (PR), sem qualquer justificação.
 
Era um olhando pro outro, outro olhando pra um, todos boquiabertos e se perguntando: Como é que prendem os auxiliares, os tesoureiros, meros carregadores de dinheiro, intermediários, e não mandam prender o principal acusado ou chefe de um golpe tão claro desses? A conclusão é que a Justiça estava errada redondamente, e quem merecia estar no xilindró era justamente o Juiz que preside a ação. Nada mais correto, pois um homem como o Lula jamais poderia ser envolvido num esquema tão sujo, porquanto não se coadunava com a sua tradição de homem do povo, honesto e trabalhador, que até um dedo perdeu no ganho de seu sustento e de sua família, tanto que se aposentou.
 
No final, todos, de comum acordo, resolveram considerar as acusações inconsistentes, sem lógica e deram o processo como encerrado, ficando ainda consignado que todos ficariam impunes, eis que no Natal precisamos de muita paz e alegria para comemorar o nascimento do Cristo, além do que o Brasil precisa se dar as mãos, a fim de enfrentar o próximo pleito eleitoral, que será em 2018, quando não haverá restrição alguma para ser candidato, apagando-se esse passado que fora apenas um sonho lindo de Natal.
 
O Temer continuaria no cargo, continuando a fazer besteiras até o término do seu mandato tampão.
Ansilgus
 
ansilgus
Enviado por ansilgus em 24/12/2016
Reeditado em 24/12/2016
Código do texto: T5862303
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