Para Onde Foram Aqueles Dias?
 
No verão, quando eu era bem menina, era uma briga danada para ver quem me salvaria do perigo numa das nossas aventuras na piscina. Sendo a prima mais velha, eu era a escolhida para ser a mocinha, a heroína. As outras duas primas eram mais novinhas e as vezes choravam com os sustos e grosserias dos vilões. Sempre sobrava para mim. Ainda bem!
 
            

Só faltou o Jason que estava no Brasil. Em pé da esquerda à direita: Johnny, Jorginho, John (meu irmão), Junior, Frank (meu irmão mais velho). Sentadas: Debbie, Carol e EU! Mas tarde viriam: Marcelo, Guilherme, Henrique, Alan, Raphael, Glaucus, Sarah e João Gabriel. Os últimos três são temporões e foram muito mais primos dos meus filhos do que meus.   


Minha família tem mais meninos do que meninas, sendo assim haviam mais candidatos a Super Herói do que Super Heróis.

             

                                    É preciso escrever quem são?

Meus dois irmãos tinham que disputar com os meus quatro primos para ver quem seria o Superman e Batman. Sobrava para os outros quatro os papeis do Coringa, Penquim, Charada, etc Vilão é o que não faltava. Mas tinha dia que decidia em não ser a mocinha em apuros mas sim a Mulher Gato assim colocava as minhas pequenas garras para fora para descontar minha fúria nos meninos e ai de quem me enfrentava! Afinal, eu era a Mulher Gato e podia tudo! Quanta imaginação nós tínhamos! Quanto espaço! Quanto folego!

                

Hoje em dia os heróis são muitos. Além de ter um overdose deles ainda existem os personagens dos mangás e desenhos japoneses que invadiram o mundo ocidental nos últimos trinta anos.

        

As crianças de hoje têm bem poucos primos ou moram longe deles. Infelizmente, não existe o mesmo vínculo entre primos como cinquenta, quarenta anos atrás.
Atualmente, as crianças assistem as aventuras à qualquer hora do dia. A babá é a televisão, DVD player e vídeo game. Os pais compram algum jogo para o filho interagir com algum Super Herói numa aventura super espetacular que já vem pronta, quase sob encomenda. Basta selecionar a opção na tela e apertar o botão e se não gostou, é possível voltar e alterar a opção ou pausar e voltar depois, quem sabe no dia seguinte. Ou simplesmente deletar tudo e nunca lembrar que jogou aquele game. 
Criança de hoje não pega aquela colcha vermelha ou azul da mãe para fazer a capa do Super Herói e sair voando pela casa, pelo quintal e quarteirão salvando  primos, vizinhos,  amigos imaginários e bichos de estimação porque já não existe mais colcha como antigamente e sim edredon. As casas já não têm mais árvores nem esconderijos secretos para o Super Herói fazer o seu quartel general. Crianças não saiam  de suas casas e desconhecem o próprio quarteirão em que moram.  
Antigamente, a gente aguardava semanas para assistir a um certo episódio do Superman e Batman uma segunda vez. Hoje, é possível assistir qualquer episódio quantas vezes  quiser, à qualquer hora do dia, qualquer dia do ano. Não existe aquela ansiedade para o retorno do seriado predileto porque existem tantos outros seriados para assistir e virar follower de carteirinha. Não existe fidelidade entre criança e um Super Herói específico.
Como esse mundo deixou de ser bom pra chuchu para ser virtual e globalizado. 
Graças a Deus nasci nos anos ´60!
Que dó das crianças de hoje, dos novos tempos. 
Calada Eu
Enviado por Calada Eu em 22/12/2016
Reeditado em 30/03/2020
Código do texto: T5860572
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