A n t i s s o c i a l

Morei em Pesqueira quase 40 anos. Trabalhei numa agência de um banco, nessa cidade, 30 anos. Fiz amizades, mantenho algumas até hoje. Mas sempre fui - e continuo sendo - um cara antissocial crônico, completamente avesso ao que denominam vida social.

Vejam bem, antigamente o funcionário de um banco oficial, nas cidades do interior, era logo convidado para integrar os chamados clubes de serviço (Rotary e Lions), a tal Maçonaria, os clubes sociais e até grupos religiosos. Pois bem, eu nunca fui convidado para psrticipar de nenhum deles. Graças a Deus. De sociedade só participei do antigo MDB, por um motivo risível: porque não havia número suficiente de pessoas para constituir o diretório, achei um absurdo e como era contra a ditadura me filiei ao paftido. Mas saí logo depois.

Por que não era convidado quando a maioria dos colegas integravam essas sociedades? Ora, em primeiro lugar pela fama de comunista, vim de uma cidade vizinha, Arcoverde, e todo mundo sabia que meu pai era comunista e havia sido preso pela ditadura. Mais, eu ridicularizava publicamente todas essas sociedades, era sincero demais e arengueiro. E sobre algumas entidades contava algumas piadas e causos verdadeiros. Assim ninguém da sociedade me incomodava.

Nunca senti falta de viver à margem disso que chamam "sociedade". Sempre preferi a companhia do povo, a rua do povo, a praça do povo, os botecos do povo, onde há mais vida, mais solidariedade e mais verdade. Deixava de lado os matutos berosos com suas fantasias de palhaços chatos.

Continuo antissocial. Graças a Deus. Inté.

Dartagnan Ferraz
Enviado por Dartagnan Ferraz em 20/12/2016
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