A ÚLTIMA APRESENTAÇÃO DE ELIS REGINA E A SOLIDÃO DAS SOLIDÕES
Renato Russo conheceu, assim como muitos outros astros, incluindo ai Elis Regina, antes de morrerem, a maior de todas as solidões, a solidão dos vitoriosos com milhões de fãs e de outros profissionais vitoriosos nas suas áreas não artísticas, mas que não tem ninguém para conversar após os shows ou no fim dos expedientes, e não tem para aonde ir, a não ser as suas quatro paredes vazias.
E a vida é feita das simplicidades do cotidiano, ninguém está no palco o dia inteiro.
Quando sai-se do show, ou fecha-se o escritório, é que muitos dão de cara com a sua dura realidade, pobre e infeliz, buraco anímico de onde temos que lutar para sair.
Como disseram os parceiros de Renato Russo “nós saíamos de um show com 30.000 pessoas e íamos para as nossas casas e ele ficava só nos quartos de hotéis”.
Muitos conhecem essa solidão, a solidão dos que não sabem ter uma simples amizade, pois para eles tudo é difícil, o estranhamento social é muito grande, vivem numa masmorra íntima nas horas vagas, só se sentem bem quando misturados nas multidões, pois só ai se sentem iguais, mas quando acaba a festa vão para as suas solitárias e a sua nefasta realidade.
Eu só comecei a sair delas quando comecei a rir de mim mesmo, e aprendi a viver sozinho, pois só pode ser feliz com alguém quem sabe viver bem consigo mesmo primeiro, mas isto não foi fácil, levou dezenas de anos, onde peleava em busca de soluções, então tem que sair dessa em primeiro lugar, e aprender a rir de si mesmo para se reintegrar e não ficar se achando o primeiro dos sofredores.
Mas veja como é difícil: você é um profissional de sucesso, chegou no ápice, está ganhando muito dinheiro e quando artista também cheio de fãs que gostariam de estar com você, mas nós não temos intimidade com ninguém, não sabemos o que é isso, há uma fobia afetiva baseada na insegurança anímica ai , e ninguém pode ajudar, pois ninguém tem a mínima ideia do que é este tipo de solidão, foge do alcance de qualquer um.
Uma vez visitando o meu velho em Santa Catarina dei um cheque para ele fazer alguma extravagância e lembro que disse “Pai, eu estou ganhando dinheiro que nem água” e cinco anos antes eu era um duro.
Tem uma outra frase que marcou também esta época, quando, estando com a pessoa que me introduziu na minha área profissional, junto com os amigos dele, e outros meus, em uma confraternização regada ao que tinha de melhor eu lembro que disse:
“Chico, como é bom ganhar dinheiro”
Quando entrei nessa área fiquei torrando tudo que ganhava, afinal sempre tive limitação financeira e nessa fase não precisava guardar, pois no dia seguinte já ganhava mais, e mais e mais, mas chegou uma hora que isto tinha que mudar.
Comprei meu primeiro carro, depois meu primeiro apartamento e fui indo, mas sempre sem precisar economizar para isso, até que chegou o período que tinha tudo com 35 anos, mas não tinha mais um amigo ou amiga para o happy hour.
E ai depois desses dez anos de opulência, foi chegando o período da maior das solidões, a solidão dos campeões, eu tinha chegado lá, mas não tinha ninguém, mas sempre nos monentos dificíeis surge algum caminho, nós não estamos sós neste mundo, se não seria um desatre, mas ai já cabe os ensinamentos encontrados nos escritos do sábio alemão Abdruschin sobre os segredos da vida e de como funciona a lei do "semeia e colherás".
Não é que a gente não seja legal, ou boa companhia, somos até admirados por muitos, e coletivamente temos muito amigos mesmos, e sinceros, mas na hora do lazer todos vão para as suas casas e você está só, pois você só faz sucesso no mundo social coletivo, mas não no mundo íntimo, neste mundo você é extremamente solitário, não tem ninguém que seja próximo, pois ai tem que ser você mesmo, mas você não se entende, então só tem amigos quando em festas, ou no trabalho, sempre quando está em alguma função.
A pior coisa para eles são os finais de semana ou feriados, pois são sós, incrivelmente sós. Se sentem assim, mesmo com muitas pessoas ao seu lado, é como se fossem uma mentira, apenas uma carapuça que esconde o que são, ou seja, uma pessoa aparentemente sem graça, insegura, um nada, esta é a nossa realidade mais íntima e não sabemos deixar de sentir isso, apesar da realidade em volta dizer que isto não é verdade.
Quando vejo o estado em que estava Elis Regina e outros astros que cometeram o suicídio pelo uso de tanta droga, quer lícitas ou não, eu entendo muito bem o que os levaram a este ato limite desastroso, mas inútil, pois a vida anímica continua, mas usar droga nunca passou pela minha cabeça, pois eu queria a solução e não piorar a situação, então tê-las usado como recreação quando jovem deve ter ajudado, e para isso temos que entender como funciona o tal transtorno bipolar, mal que me foi diagnosticado 30 aos depois e por minha própria e incasável pesquisa, na vida de uma pessoa.
Já é de conhecimento de todos de que os possuidores deste mal normalmente são inteligentes e afetivos, se não morrem, pois são vulneráveis, embora de personalidade forte, mas sempre com uma certa distância, que normalmente não é sentida pelo outros, mas os atraem, pois parecemos independentes, que não precisamos de ninguém, somos fortes, então muitos nos invejam, mas ficamos infelizes por não podermos dar fim a este afastamento.
Gostaríamos de sermos mais próximos e íntimos das pessoas, mas não conseguimos, e este lado festivo e de sucesso pode levar muitos e muitos anos; é quando estamos na fase de realizações, de euforia, e que nos empurra para frente, mas que não nos realiza interiormente, é uma eterna insatisfação.
O problema é que enquanto estão neste processo de ascensão isto toma todo o seu tempo e as compensações que vão conseguindo os mantém longe daquela pessoa que ficou lá escondida no seu íntimo, o lado oposto e negro, mas também não quero dizer aqui que todos terão sucesso nas suas áreas, não estou generalizando também, mas que todos bipolares sentirão esta solidão, o termo certo seria prostração, um dia com certeza sentirão.
Mas como este sucesso não é em cima da sua verdadeira essência, este esforço contínuo é desgastante e vai consumindo as suas forças na medida que vai conseguindo vencer nas compensações, mas o que vale para o bem estar de uma pessoa não é como o meio a trata, mas como ela se sente em relação a este meio, e é isto que tem que ser tratado quando o seu mundo cair, ou de preferência antes, hoje é possivel.
Então muitas vezes é uma pessoa invejada e admirada por seus pares, por isso arranja muitos inimigos também e ele fica nesta luta para assim continuar a ser aceito, mas cansa, e quando o sucesso chega no seu limite as suas forças se esgotam, pois lá, para se manter, o esforço tem que ser muito grande e constante, e ele não aguentando este enorme esforço desaba e desaba feio.
E nesta decaída dá de encontro ao que sempre foi, nua e cruamente, ou seja, uma pessoa com tudo para construir novamente, começar do zero novamente, cheia de dificuldades, antes conseguia namoradas fugídias que duravam pouco dias, e assim ia em frente, em frente sempre, e passa a se afastar do meio que frequentou até então, e que agora voltou a ser vulnerável como sempre foi no íntimo e ai vem a prostração, de que sempre fugiu, mas que era latente.
Depressão, talves não seja o termo certo, mas se assemelha, essa agora é causada pela consciência da sua falta de força de reação e da dificuldade de conseguir resolver o problema que o derrubou e se sente só nesta luta, e está mesmo só e na pior das solidões, pois aquele que todo mundo conhecia não existe mais agora, e o que sobrou não consegue se manter mais lá naquele meio e se afasta paulatinamente, e não tem outro para substituir, está na masmorra dos, no íntimo, extremamente prostrados novamente.
Eu lembro que quando no meu maior sucesso eu olhava as pessoas que eu havia harmonizado, feito um grupo coeso, ou seja tinha realizado aquilo que os dirigentes daquela organização tinham esperado de mim, e eu olhava agora para os membros apaziguados conversando nos bancos dos jardins e sentia que tinha chegado no meu limite, e agora depois de cumprida a minha missão eu deveria também relaxar e ser amigo delas também, não precisava mais agir como um dirigente, mas não conseguia, vi o meu limite, e a partir daí eu deveria ser feliz junto com eles, mas senti que tinha que me afastar, pois isto eu não sabia como ser, dividir a mesma afetividade que eles criaram entre si e que eu ajudei a formar.
Então eu estava neste auge e ganhando muito bem e com status profissional e social, mas nada adiantava, eu tinha chegado no topo, mas me sentia sozinho e sem apoio como nunca tinha me sentido, e não tinha mais nada pelo que ascender, e só se manter é muito custoso, e ai dei de cara com essa solidão dos vencedores, e neste ponto é que chegam muitos de nós.
E foi ai que aquela grana começou a pagar um psiquiatra, especificamente, que me ensinou tecnicas de relaxamentos que amenizaram, em parte, a minha ansiedade e depressão profunda, mas foi muito importante para mim, pena que os bons profissionais desta área são muito caros e aquele período de altos ganhos também foram passando, mas foram muito úteis em diversos sentidos
E é ai que vejo que muitos artistas chegaram e entendo o que se passa no íntimo deles, mas para cada artista quantos não existem no anonimato por este mundo a fora? Quantos não se mataram, ou se autodestruiram, quando tinham conseguido tudo que poderiam conseguir? O mundo do glamour tem tantos exemplos e vão desde Elvis Presley, passando por Raul Seixas, talvez Belchior, Robin Williams, Mickey Rourk, e outros do mundo cinematográfico, mas estes, como Elis, são os mais conhecidos para nós.
Cabe frisar que muitas doenças psiquicas são díficíeis de diagnosticar, pelo menos a até poucos anos atrás, pois os sintomas se confundem, Por exemplo: um bipolar pode ter os polos de alguns anos em alguns anos, embora a luta íntima seja diária, e no meu caso numa média de dez em dez anos, então ter este diagnóstico demora, e eu mesmo descobri através da leitura de um livro da psiquiatra Ana Beatriz Barboza Silva e ai levei o livro para um psiquiatra, que também era neurologista, pensando que era Transtorno de Deficit de Atenção, e ele, perpicaz, só fez a adequação, pois os sintomas também são parecidos em adultos.
Vi um vídeo de uma apresentação da Elis Regina, (fisicamente estava acabada) que muitos sabem, era insegura e precisava sempre de atenção, mas era de personalidade forte, era reativa como muitos, não se entregava. Era chamada de pimentinha, e ela por isso procurava cada vez mais se aperfeiçoar como profissional, mas nesta apresentação que eu vi já se notava, para os conhecedores, que ela estava nesse buraco dos solitários, enquanto no meio do maior sucesso e fãs, e os fãs naquela apresentação a aplaudiram de pé, achando que tudo era representação, mas na realidade ela estava literalmente de joelhos e muito merecedora de auxilio, auxilio que poucos poderiam lhe dar.
O corpo pode morrer, mas a vida anímica, onde estão os sofrimentos de alma, estes nos acompanham, então vamos nos tratar ainda nesta vida na parte psíquica, pois hoje em dia já é mais fácil o diagnóstico e a partir dai continuarmos na nossa evolução anímica sem mais este entrave que tanto sofrimento nos causa, e que foi adquirido por contravenções nas leis da reciprocidade em outras épocas, já que injustiça não há.
A epoca cármica de certas doenças mentais está acabando, assim como ocorreu com a lepra e a tuberculose e outras doenças do passado, mas vamos ver o que as leis da reciprocidade ainda terão para nos oferecer, pois tudo é causa e efeito e a humanida pecou muito contra o amor e as leis da reciprocidade e a doença da hora podemos dizer que fora as psíquicas é o câncer.
"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes, a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo” Roselis von Sass
Renato Russo conheceu, assim como muitos outros astros, incluindo ai Elis Regina, antes de morrerem, a maior de todas as solidões, a solidão dos vitoriosos com milhões de fãs e de outros profissionais vitoriosos nas suas áreas não artísticas, mas que não tem ninguém para conversar após os shows ou no fim dos expedientes, e não tem para aonde ir, a não ser as suas quatro paredes vazias.
E a vida é feita das simplicidades do cotidiano, ninguém está no palco o dia inteiro.
Quando sai-se do show, ou fecha-se o escritório, é que muitos dão de cara com a sua dura realidade, pobre e infeliz, buraco anímico de onde temos que lutar para sair.
Como disseram os parceiros de Renato Russo “nós saíamos de um show com 30.000 pessoas e íamos para as nossas casas e ele ficava só nos quartos de hotéis”.
Muitos conhecem essa solidão, a solidão dos que não sabem ter uma simples amizade, pois para eles tudo é difícil, o estranhamento social é muito grande, vivem numa masmorra íntima nas horas vagas, só se sentem bem quando misturados nas multidões, pois só ai se sentem iguais, mas quando acaba a festa vão para as suas solitárias e a sua nefasta realidade.
Eu só comecei a sair delas quando comecei a rir de mim mesmo, e aprendi a viver sozinho, pois só pode ser feliz com alguém quem sabe viver bem consigo mesmo primeiro, mas isto não foi fácil, levou dezenas de anos, onde peleava em busca de soluções, então tem que sair dessa em primeiro lugar, e aprender a rir de si mesmo para se reintegrar e não ficar se achando o primeiro dos sofredores.
Mas veja como é difícil: você é um profissional de sucesso, chegou no ápice, está ganhando muito dinheiro e quando artista também cheio de fãs que gostariam de estar com você, mas nós não temos intimidade com ninguém, não sabemos o que é isso, há uma fobia afetiva baseada na insegurança anímica ai , e ninguém pode ajudar, pois ninguém tem a mínima ideia do que é este tipo de solidão, foge do alcance de qualquer um.
Uma vez visitando o meu velho em Santa Catarina dei um cheque para ele fazer alguma extravagância e lembro que disse “Pai, eu estou ganhando dinheiro que nem água” e cinco anos antes eu era um duro.
Tem uma outra frase que marcou também esta época, quando, estando com a pessoa que me introduziu na minha área profissional, junto com os amigos dele, e outros meus, em uma confraternização regada ao que tinha de melhor eu lembro que disse:
“Chico, como é bom ganhar dinheiro”
Quando entrei nessa área fiquei torrando tudo que ganhava, afinal sempre tive limitação financeira e nessa fase não precisava guardar, pois no dia seguinte já ganhava mais, e mais e mais, mas chegou uma hora que isto tinha que mudar.
Comprei meu primeiro carro, depois meu primeiro apartamento e fui indo, mas sempre sem precisar economizar para isso, até que chegou o período que tinha tudo com 35 anos, mas não tinha mais um amigo ou amiga para o happy hour.
E ai depois desses dez anos de opulência, foi chegando o período da maior das solidões, a solidão dos campeões, eu tinha chegado lá, mas não tinha ninguém, mas sempre nos monentos dificíeis surge algum caminho, nós não estamos sós neste mundo, se não seria um desatre, mas ai já cabe os ensinamentos encontrados nos escritos do sábio alemão Abdruschin sobre os segredos da vida e de como funciona a lei do "semeia e colherás".
Não é que a gente não seja legal, ou boa companhia, somos até admirados por muitos, e coletivamente temos muito amigos mesmos, e sinceros, mas na hora do lazer todos vão para as suas casas e você está só, pois você só faz sucesso no mundo social coletivo, mas não no mundo íntimo, neste mundo você é extremamente solitário, não tem ninguém que seja próximo, pois ai tem que ser você mesmo, mas você não se entende, então só tem amigos quando em festas, ou no trabalho, sempre quando está em alguma função.
A pior coisa para eles são os finais de semana ou feriados, pois são sós, incrivelmente sós. Se sentem assim, mesmo com muitas pessoas ao seu lado, é como se fossem uma mentira, apenas uma carapuça que esconde o que são, ou seja, uma pessoa aparentemente sem graça, insegura, um nada, esta é a nossa realidade mais íntima e não sabemos deixar de sentir isso, apesar da realidade em volta dizer que isto não é verdade.
Quando vejo o estado em que estava Elis Regina e outros astros que cometeram o suicídio pelo uso de tanta droga, quer lícitas ou não, eu entendo muito bem o que os levaram a este ato limite desastroso, mas inútil, pois a vida anímica continua, mas usar droga nunca passou pela minha cabeça, pois eu queria a solução e não piorar a situação, então tê-las usado como recreação quando jovem deve ter ajudado, e para isso temos que entender como funciona o tal transtorno bipolar, mal que me foi diagnosticado 30 aos depois e por minha própria e incasável pesquisa, na vida de uma pessoa.
Já é de conhecimento de todos de que os possuidores deste mal normalmente são inteligentes e afetivos, se não morrem, pois são vulneráveis, embora de personalidade forte, mas sempre com uma certa distância, que normalmente não é sentida pelo outros, mas os atraem, pois parecemos independentes, que não precisamos de ninguém, somos fortes, então muitos nos invejam, mas ficamos infelizes por não podermos dar fim a este afastamento.
Gostaríamos de sermos mais próximos e íntimos das pessoas, mas não conseguimos, e este lado festivo e de sucesso pode levar muitos e muitos anos; é quando estamos na fase de realizações, de euforia, e que nos empurra para frente, mas que não nos realiza interiormente, é uma eterna insatisfação.
O problema é que enquanto estão neste processo de ascensão isto toma todo o seu tempo e as compensações que vão conseguindo os mantém longe daquela pessoa que ficou lá escondida no seu íntimo, o lado oposto e negro, mas também não quero dizer aqui que todos terão sucesso nas suas áreas, não estou generalizando também, mas que todos bipolares sentirão esta solidão, o termo certo seria prostração, um dia com certeza sentirão.
Mas como este sucesso não é em cima da sua verdadeira essência, este esforço contínuo é desgastante e vai consumindo as suas forças na medida que vai conseguindo vencer nas compensações, mas o que vale para o bem estar de uma pessoa não é como o meio a trata, mas como ela se sente em relação a este meio, e é isto que tem que ser tratado quando o seu mundo cair, ou de preferência antes, hoje é possivel.
Então muitas vezes é uma pessoa invejada e admirada por seus pares, por isso arranja muitos inimigos também e ele fica nesta luta para assim continuar a ser aceito, mas cansa, e quando o sucesso chega no seu limite as suas forças se esgotam, pois lá, para se manter, o esforço tem que ser muito grande e constante, e ele não aguentando este enorme esforço desaba e desaba feio.
E nesta decaída dá de encontro ao que sempre foi, nua e cruamente, ou seja, uma pessoa com tudo para construir novamente, começar do zero novamente, cheia de dificuldades, antes conseguia namoradas fugídias que duravam pouco dias, e assim ia em frente, em frente sempre, e passa a se afastar do meio que frequentou até então, e que agora voltou a ser vulnerável como sempre foi no íntimo e ai vem a prostração, de que sempre fugiu, mas que era latente.
Depressão, talves não seja o termo certo, mas se assemelha, essa agora é causada pela consciência da sua falta de força de reação e da dificuldade de conseguir resolver o problema que o derrubou e se sente só nesta luta, e está mesmo só e na pior das solidões, pois aquele que todo mundo conhecia não existe mais agora, e o que sobrou não consegue se manter mais lá naquele meio e se afasta paulatinamente, e não tem outro para substituir, está na masmorra dos, no íntimo, extremamente prostrados novamente.
Eu lembro que quando no meu maior sucesso eu olhava as pessoas que eu havia harmonizado, feito um grupo coeso, ou seja tinha realizado aquilo que os dirigentes daquela organização tinham esperado de mim, e eu olhava agora para os membros apaziguados conversando nos bancos dos jardins e sentia que tinha chegado no meu limite, e agora depois de cumprida a minha missão eu deveria também relaxar e ser amigo delas também, não precisava mais agir como um dirigente, mas não conseguia, vi o meu limite, e a partir daí eu deveria ser feliz junto com eles, mas senti que tinha que me afastar, pois isto eu não sabia como ser, dividir a mesma afetividade que eles criaram entre si e que eu ajudei a formar.
Então eu estava neste auge e ganhando muito bem e com status profissional e social, mas nada adiantava, eu tinha chegado no topo, mas me sentia sozinho e sem apoio como nunca tinha me sentido, e não tinha mais nada pelo que ascender, e só se manter é muito custoso, e ai dei de cara com essa solidão dos vencedores, e neste ponto é que chegam muitos de nós.
E foi ai que aquela grana começou a pagar um psiquiatra, especificamente, que me ensinou tecnicas de relaxamentos que amenizaram, em parte, a minha ansiedade e depressão profunda, mas foi muito importante para mim, pena que os bons profissionais desta área são muito caros e aquele período de altos ganhos também foram passando, mas foram muito úteis em diversos sentidos
E é ai que vejo que muitos artistas chegaram e entendo o que se passa no íntimo deles, mas para cada artista quantos não existem no anonimato por este mundo a fora? Quantos não se mataram, ou se autodestruiram, quando tinham conseguido tudo que poderiam conseguir? O mundo do glamour tem tantos exemplos e vão desde Elvis Presley, passando por Raul Seixas, talvez Belchior, Robin Williams, Mickey Rourk, e outros do mundo cinematográfico, mas estes, como Elis, são os mais conhecidos para nós.
Cabe frisar que muitas doenças psiquicas são díficíeis de diagnosticar, pelo menos a até poucos anos atrás, pois os sintomas se confundem, Por exemplo: um bipolar pode ter os polos de alguns anos em alguns anos, embora a luta íntima seja diária, e no meu caso numa média de dez em dez anos, então ter este diagnóstico demora, e eu mesmo descobri através da leitura de um livro da psiquiatra Ana Beatriz Barboza Silva e ai levei o livro para um psiquiatra, que também era neurologista, pensando que era Transtorno de Deficit de Atenção, e ele, perpicaz, só fez a adequação, pois os sintomas também são parecidos em adultos.
Vi um vídeo de uma apresentação da Elis Regina, (fisicamente estava acabada) que muitos sabem, era insegura e precisava sempre de atenção, mas era de personalidade forte, era reativa como muitos, não se entregava. Era chamada de pimentinha, e ela por isso procurava cada vez mais se aperfeiçoar como profissional, mas nesta apresentação que eu vi já se notava, para os conhecedores, que ela estava nesse buraco dos solitários, enquanto no meio do maior sucesso e fãs, e os fãs naquela apresentação a aplaudiram de pé, achando que tudo era representação, mas na realidade ela estava literalmente de joelhos e muito merecedora de auxilio, auxilio que poucos poderiam lhe dar.
O corpo pode morrer, mas a vida anímica, onde estão os sofrimentos de alma, estes nos acompanham, então vamos nos tratar ainda nesta vida na parte psíquica, pois hoje em dia já é mais fácil o diagnóstico e a partir dai continuarmos na nossa evolução anímica sem mais este entrave que tanto sofrimento nos causa, e que foi adquirido por contravenções nas leis da reciprocidade em outras épocas, já que injustiça não há.
A epoca cármica de certas doenças mentais está acabando, assim como ocorreu com a lepra e a tuberculose e outras doenças do passado, mas vamos ver o que as leis da reciprocidade ainda terão para nos oferecer, pois tudo é causa e efeito e a humanida pecou muito contra o amor e as leis da reciprocidade e a doença da hora podemos dizer que fora as psíquicas é o câncer.
"Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes, a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de si mesmo” Roselis von Sass