M u n g u n z á

Ontem á noite, depois de inalar a bombinha para debelar uma crise de asma, fiquei tremendo que só vara verde e bateu a insônia. Estava exausto e precisava dormir. Deitei, fechei os olhos, contei carneirinhos, fiz cálculos mentais, recordei acontecimentos do passado, rolei na cama e, cofesso, até rezei para conseguir a graça de dormir. Levantei fui pra janela, nem lua d nem estrelas no céu, tudo nublado, tentei fazer palavras cruzadas mas o cansaço impedia. Ler também não conseguia e nem podia ligar a tevé para não acordar os outros, não achei os fones de ouvido, comecei a ficar aperriado e quando isso acontece começa a mijadeira de cinco em cinco minutos. Um desespero. Fui na cozinha e tomei um chá de camomila, nada, apelei para a metade de um Rivrotil, nada. As horas se passando, nem bébados passava na rua. Sentei na poltrona do quarto já conformado com a noite perdida que nunca se recupera, vi raiar o dia e logo depois fui pra janela e vi e ouvi um sujeito com uma carrocinha gritar: M A N G U N Z Á! Ai senti um peso nos olhos e adormeci. Não me lembro se sonhei comendo mangunzá. Inté.